04 -Como melhorar a Pregação Sagrada
Falemos agora do pregador sagrado:
catequista, diácono, sacerdote, bispo.
O que é que um pregador tem que
fazer antes de pregar?
Em primeiro lugar, deve escutar a
Palavra de Deus, pois é aí onde “toda a instrução cristã, e em lugar
privilegiado a homilia, recebe da Palavra da Escritura alimento saudável e por
ela dá frutos de santidade” (Concílio Vaticano II, Dei Verbum 24). Você pode
seguir estes passos:
Pegue o texto bíblico e leia: tem que ser uma leitura na fé e a partir da fé: o pregador
se aproxima do texto na fé da Igreja, num tempo litúrgico, num momento
determinado da vida eclesial e no meio das tarefas pastorais da sua comunidade.
Também ajudará um mínimo trabalho de
exegese dos textos: é o enfrentar-se cientificamente
com o texto, para chegar até o sentido literal. O sentido literal
(humano) consegue chegar ao que o autor sagrado quis expressar, no seu contexto
histórico, seus destinatários e o gênero literário empregado. Para a exegese
o pregador também pode se ajudar de comentários desse texto bíblico: Tal
comentário não ser muito prolixo, nem deve se perder nos detalhes, mas
aproximar-nos do contexto histórico e do sentido do texto. Mas não posso ficar
só com isso.
O pregador tem que encontrar o
significado mais profundo dos textos, o seu alcance espiritual. E isso se
consegue através da própria meditação pessoal dos textos. “É dentro da
letra, na profundidade do sentido literal, que deve buscar-se o sentido
espiritual do texto sagrado” (Inácio de Potterie, “A interpretação da Sagrada
Escritura”). Portanto, é necessário chegar no sentido espiritual
(divino) do texto sagrado, no que Deus queria dar a conhecer com essas palavras
do autor sagrado. Este é o sentido que mais nos interessa na pregação, e se
consegue chegar a ele quando se lêem e se meditam esses textos bíblicos sob a
influência do Espírito Santo no contexto do mistério pascal de Cristo e da vida
nova que provém dele. Como pregador me interessa o sentido literal
(exegese) em ordem ao sentido profundo espiritual para que seja alimento
para os ouvintes. Dessa forma passa-se do “então” para o “hoje”. Isso é a
pregação.
Por isso, ninguém mais que o
pregador deve ser um ouvinte da Palavra de Deus tão pontual e disposto. A
Palavra de Deus vai penetrar primeiro no pregador. Este conhecimento ruminante
e sapiencial da Escritura é o que mais precisamos como pregadores, e o que mais
nos dará luz e forças para o caminho, tanto para nós (para não ficar falando
ideias pessoais ou cair na vaidade) como para os que nos escutam. Sem
meditação, a pregação torna-se um produto da mesa de despacho, que deve ser
derramado sobre o povo desde o púlpito. Na meditação se experimenta a força
viva do texto. Somente quando o pregador se deixou interpelar pelo texto, pode
convidar também a sua comunidade. Trata-se de fazer passar o sentido da página
sagrada à própria vida e à vida dos fieis. A meditação é a ponte na qual se
encontram a Palavra de Deus e o homem de hoje. Todo pregador deveria dizer o
mesmo que São João: “O que vimos com os nossos olhos, o que contemplamos… nós
vos anunciamos” (1 Jo 1, 1-3). Dom Ángel Herrera dizia que “as homilias devem
aquecer-se no Sacrário e na oração… a Palavra de Deus, seja qual for o tom, o
lugar e o auditório, não pode ser servida fria” (A Palavra de Cristo, I, 67) .
Em suma, como dizia D. Bonhoeffer, o
pregador deve encontrar-se com a Palavra de Deus: na mesa de estudo,
preparando seriamente seu ministério com a ajuda dos oportunos subsídios e
comentários; no reclinatório, orando a Palavra que vai pregar, de modo
que não somente saiba falar “de” Deus, mas antes de mais nada fale “a” e “com”
Deus na sua oração pessoal; e finalmente no púlpito, deixando que no
momento mesmo do seu ministério ressoe nele mesmo, antes que nos seus irmãos, o
que Deus nos comunica.
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