09 - A figura do pregador sagrado
por: Padre
Antonio Rivero
Prosseguimos agora com a figura do
pregador sagrado.
Vejamos agora as atitudes que
favorecem a comunicação do pregador
Primeira, a aceitação incondicional
do outro.
Só assim pode haver comunicação.
Só assim o ouvinte não será usado como um meio ou objeto para se atingir um
fim. Só assim o ouvinte escutará o pregador e o aceitará. Os ouvintes não são
inimigos do pregador, mas seus irmãos. Assim foi Jesus. O pregador não está
acima de ninguém. Ele é um irmão mais velho que tenta explicar com carinho a
palavra de Deus e coloca à disposição dos seus irmãos menores o que ele
aprendeu. Não é uma autêntica obra de misericórdia?
Segunda, a compreensão empática.
“Colocar-se na pele do outro” para ver o mundo com os
olhos do outro. Os ouvintes esperam do pregador que não haja nada
verdadeiramente humano que não ecoe no seu coração. Esperam compreensão “das
alegrias e das esperanças, das tristezas e das angústias dos homens do nosso
tempo, em especial dos pobres e de todos os que sofrem” (Gaudium et Spes,
1).
E terceira, a autenticidade.
O pregador tem que se mostrar do jeito que ele é. Para
ser autêntico, não basta um pré-aquecimento na preparação imediata da
prédica; é necessária uma experiência da vida sacerdotal. O ouvinte pode
aceitar tanto melhor a mensagem da pregação quanto mais o pregador estiver
vivendo o que prega, com autenticidade. Não se trata de falar do que foi lido,
mas do que foi vivido. Ninguém dá o que não tem. O lema do cardeal Newman era: “Cor
ad cor loquitur”, “o coração fala ao coração”.
O predicador vai crescendo em idade,
sabedoria e graça. Vejamos agora as idades do pregador.
O pregador jovem. O primeiro perigo, normal, é a falta de material e, por
consequência, o palavreado vazio. Outro perigo é a escassa maturidade. As
vantagens da juventude são o fogo, a intensidade e a energia. A entrega se
aprende na juventude. Por isso, urge que o pregador jovem prepare a fundo as
suas prédicas, com bons comentários de Santos Padres ou de autores provados em
homilética.
O pregador maduro. A maturidade preserva da exaltação juvenil e da resignação
da velhice. As vantagens da idade adulta são a maturidade crescente e a força
tranquila, recolhida. As pregações se tornam mais profundas e mais ricas,
graças à experiência que se tem das alegrias e das esperanças, das tristezas e
das angústias dos homens do nosso tempo. O perigo está na rotina e no
estancamento, que impedem renovar-se nas ideias e na forma de dizê-las.
O predicador ancião. Com a velhice, começa o perigo do cansaço. Prega-se com
base no passado, não no presente. O pregador ancião não deve parecer cansado,
mas bondoso; não senil, mas sábio.
Quero terminar esta parte sobre o
pregador com este texto que encontrei, chamado “O decálogo do pregador”[1]:
1. Não subas ao púlpito sem saber o que vais dizer. E quando
tiveres dito, desce: não te prolongues inutilmente.
2. Traça o roteiro do que vais dizer: no papel ou na cabeça.
3. Procura despertar no ouvinte o interesse pelo que dizes, ou
ele se desligará da tua pregação.
4. Quanto disseres, seja proveitoso para o ouvinte. A missão do
pregador não é entreter, mas evangelizar.
5. A brevidade não é o supremo dos valores: não devemos
sacrificar o importante em prol do breve. Mas é verdade que “o bom, se breve, é
bom em dobro”.
6. Fala com naturalidade: o teatral pode repelir.
7. Procura falar de modo que todos te entendam, mas com toda a
precisão para que os cultos aceitem o que dizes.
8. Para comunicar uma ideia, é necessário que estejas convicto
dela: não pregues o que não vives.
9. Se te serves de aparatos técnicos, preocupa-te de que
funcionem perfeitamente. É um desprestígio para o evangelho usar aparelhos
ruins enquanto o mal se difunde com técnica excelente. A boa tecnologia pode e
deve ser posta a serviço da evangelização.
10. Não pretendas jamais o teu sucesso pessoal, e sim o bem das
pessoas. O êxito deve ser apenas para facilitar a evangelização.
[1] Cortesia do site de informação para
sacerdotes www.vidasacerdotal.org
fonte: Zenit.org
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