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quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

COMO PREPARAR UMA BOA HOMILIA - TEXTO 07



07 - Como melhorar a Pregação Sagrada 

Depois de ter analisado os diferentes tipos de ouvintes que temos, dediquemos umas linhas para a figura do pregador.

A figura do pregador

Nenhum pregador pode pregar-se a si mesmo, mas tem que dar testemunho da Palavra de Deus, que se fez homem e habitou entre nós. A dupla tarefa do sacerdote de acordo com Orígenes será: “aprender de Deus lendo as Escrituras divinas, meditando-as frequentemente e ensinando-a ao povo. Mas, que ensine o que aprendeu de Deus, não do seu próprio coração ou num sentido humano, mas o que ensina o Espírito” (In Num hom., 16, 9).
O pregador é servidor da Palavra para que se realize o grande encontro não só entre ele mesmo e os ouvintes, mas, principalmente, entre Deus e os ouvintes através dele. A pregação tem que ser um meio para que uma comunidade, e cada um dos seus membros em especial, seja “ouvinte da palavra”.  Tem que falar disso envolvido pessoalmente e não distante, indicando um caminho e não somente informando. Não basta proporcionar frases corretas teologicamente. Entre uma teologia bem aprendida e uma profunda convicção pessoal há uma grande diferença.

Características do pregador

O pregador da mensagem cristã é um enviado. Recebeu a incumbência desse ministério, como aconteceu com os profetas; não é uma distinção mas uma responsabilidade, da qual não podemos escapar, como alguns profetas gostariam[1]. Por isso tem que ser um administrador fiel (cf 1 Cor 4, 2), porque não anuncia a sua própria mensagem, mas a do outro. Neste caso, a de Deus e da Igreja. A missão permanece em nós apesar da nossa debilidade.

O pregador da mensagem cristã é uma testemunha.  Exige-se do pregador não somente a fidelidade externa ao conteúdo da mensagem, mas também a entrega pessoal à Palavra. Não pode haver uma contradição entre a sua palavra e a sua vida. O pregador tem que ser sempre testemunha da sua fé pessoal, se não quer que a sua palavra seja ao final uma palavra vazia, não digna de crédito. A primeira testemunha que se requer do pregador é a da sua lealdade absoluta da sua humildade diante de Deus, da sua renúncia a si mesmo para ser porta-voz de uma verdade que não lhe pertence. A pregação é a interpretação e a transmissão do ouvido. Por isso, a testemunha dará aos seus ouvintes parte do que para ela significa a Mensagem e da sua experiência pessoal com esta. O pregador transmite a mensagem cristã não somente com as suas palavras, mas principalmente com as suas obras[2].

O pregador da mensagem cristã é um tradutor. A mensagem de Deus proferida num outro tempo, em outras circunstâncias sociais e culturais em uma determinada situação histórica, e a alguns ouvintes historicamente determinados… essa mensagem o pregador tem que traduzir para o mundo de hoje. Tem que traduzí-la com toda exatidão, porque em toda tradução existe o perigo da traição (“traduttore…traditore”). Não pode ajustar o conteúdo da fé, mas a forma de transmití-la. João Paulo II nos convidava a novos métodos, nova expressão, nova força, novo entusiasmo… mas não novos conteúdos.

O pregador da mensagem cristã é um comentador. O pregador tem que comentar, explicar, aplicar às necessidade correspondentes, à situação histórica do mundo, aos fieis concretos que tem pela frente. O pregador é um humilde servidor da palavra revelada. O melhor que pode fazer é apresentar aos fieis a palavra revelada da Escritura de um modo que a possam entender. Não usá-la como apoio e trampolim para os próprios pensamentos e ideologias, ou até mesmo como ornamento da eloqüência do pregador.


[1] Por exemplo Jonas (Jon 1, 2), ou Jeremias (Jer 20, 8), ou Elias (1 Re 19, 4).
[2] São Gregório Magno dirá: “Que qualquer pregador seja mais escutado nas obras do que nas palavras; e vivendo ele deixe as pegadas para serem seguidas; ou seja que, mais obrando do que falando, mostre por onde se deve caminhar” (Regula Pastoralis III, 40).

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