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terça-feira, 31 de dezembro de 2013




Um novo ano esta chegando e com ele renovam-se as esperanças de um amanhã com mais paz, harmonia e amor.
Que 2014 nós traga muitas realizações. 

COMUNIDADE DE COMUNIDADES: UMA NOVA PARÓQUIA (III)

O Blog CMliturgo (diac. Carlos Ericeira), visando um maior aprofundamento e conhecimentos dos documentos da Igreja, traz aos irmãos um trabalho desenvolvido pela Arquidiocese de Campinas.  Colabore fazendo a transmissão deste conhecimento, promova encontros de estudo,acompanhe o cronograma das atividades do blog e a edição das próximas Fichas de Estudos do DOC. 104 da CNBB. Agora editamos a ficha 3 e em breve para concluir colocaremos a 4ª ficha não esqueça de interagir, pois: 
Estou aguardando o seu comentário!

FICHA DE ESTUDO III

COMUNIDADE DE COMUNIDADES: UMA NOVA PARÓQUIA (III)

Novos Contextos: Desafios à Paróquia

Dando continuidade ao Estudo 104: Comunidade de Comunidades, uma Nova Paróquia, esta ficha aborda o seu Capitulo III – Novos Contextos: Desafios à Paróquia. Ela reflete a urgência de renovação da paróquia, decorrente das mudanças sociais que ocorrem no mundo e que repercutem diretamente na vida eclesial, especialmente na forma de conduzir a sua ação Evangelizadora. O Concílio Vaticano II propôs o ‘aggiornamento’ ou a atualização da Igreja para que sua ação pastoral e evangelizadora fosse eficaz. Especialmente a Constituição Pastoral Gaudium et Spes destacou que a comunidade dos cristãos deveria assumir, como seus, os sentimentos da humanidade (angustia, tristeza, alegria e esperança), e afirmar que a alegria e a esperança nascem da fé no Cristo. Todas as Conferências Episcopais Latino-Americanas assumiram tal propósito e, especialmente, Aparecida indicou que o desafio de tornar a Igreja mais missionária, depende intrinsecamente da renovação das estruturas eclesiais. Por sua vez, a CNBB assumiu integralmente aquelas propostas e as explicitou nas DGAE de 2011-15, da qual decorre o Estudo 104.
O segundo capítulo das DGAE, “Marcas do nosso tempo”, indica que, enquanto a sociedade acentuou o individualismo, o relativismo cultural, o fundamentalismo, o consumismo, a exclusão social, a desagregação familiar, a violência etc., que comprometem a dignidade e os valores humanos, muitas paróquias e comunidades, apesar de promoverem várias atividades pastorais, não se empenham para assumir a missão que exige o Evangelho. Neste modelo de paróquia predominam as práticas pastorais tradicionais que se resumem na oferta de serviços religiosos aos
fiéis que vêm procurar a Igreja, dando origem à expressão ‘pastoral de manutenção’, pois, continuam fazendo tudo como sempre fizeram, apesar das mudanças sociais. Não obstante, há comunidades e paróquias dinâmicas e missionárias que estão buscando formas de ser Igreja viva e atuante, promovendo o envolvimento de todos, sendo solidária, onde predomina a eclesiologia de comunhão e a participação. Apesar disso, se constata que, mesmo nestas comunidades, a estrutura paroquial ainda não consegue responder às exigências do tempo moderno, e isto reclama mudanças que não são fáceis de serem implantadas, mas que são extremamente necessárias.
Neste capítulo, o Estudo 104, aponta para três âmbitos ou realidades que a Igreja precisa considerar em sua ação Evangelizadora: a pessoa, a comunidade e a sociedade, os quais, por sua vez, exigem a renovação paroquial.

1.    Desafios no âmbito da Pessoa

Um dos maiores desafios eclesiais, na atualidade, é o individualismo, o qual atinge também as comunidades cristãs. Grande é o número de católicos que nutrem uma concepção espiritual individualista, subjetivista, intimista e vertical, que dispensa a experiência comunitária, que é a base fundante da Igreja. Este intimismo religioso desvincula a pessoa do grupo social, privando-a do convívio com outras pessoas, o que por sua vez contribui para uma cultura da solidão em que cada pessoa se basta ou, no máximo, busca os que lhe são afins. Nesta concepção, o outro, enquanto diferente, de outra cultura, é visto como concorrente e/ou um empecilho para o sucesso/felicidade pessoal. Esta mentalidade individualista também atinge a família, a primeira célula social e eclesial, que se vê questionada na sua função de transmissão e manutenção dos valores sociais. A busca pelos bens de consumo e pela suposta qualidade de vida tem diminuído o 2 
número de filhos, especialmente nos casos de filhos únicos, que ‘educados’ sozinhos e sem referência social podem se tornar extremamente egoístas e individualistas. Cabe à Igreja recuperar a ideia da comunidade como espaço de acolhida daqueles que se sentem jogados à margem. Acolher a pessoa é o mandamento de Jesus.

2.    Desafios no âmbito da comunidade

Os novos contextos sociais da modernidade colocam os seguintes desafios à comunidade: a territorialidade, as estruturas obsoletas na pastoral, o relativismo e o fundamentalismo.
a) A nova territorialidade. As grandes cidades, os diversos meios de comunicação e interesses sociais fizeram surgir novas formas de articulação social. Também na Igreja, a paróquia ou a comunidade sempre foram vistas como espaços geográficos, onde cada pessoa se vinculava à comunidade ou paróquia do seu bairro ou região. Com os novos contextos sociais, o espaço paroquial deixou de ser a única possibilidade de pertença eclesial para dar lugar a novas formas de grupos onde acontece a experiência do encontro com Jesus, mediatizada pela comunidade eclesial na vivência fraterna. Assim, se fala de uma nova definição de comunidade, que alguns chamam de ambiental, onde se constrói novos vínculos afetivos e religiosos.
b) Estruturas obsoletas na pastoral. A realidade urbana pede a revitalização e renovação das estruturas. O anonimato imposto às pessoas nas grandes cidades exige da Igreja a acolhida aos fiéis. A Igreja é a casa de Deus e do seu povo. Ela é lugar de encontro dos irmãos, que assumem o cuidado dos menores e dos que sofrem. O Papa Francisco insiste que a Igreja não é uma ONG ou um organismo assistencial, mas um lugar de encontro dos que professam fé. Os ministros, padres
e os coordenadores das comunidades, não são administradores de patrimônio e das finanças, mas animadores da vida comunitária. Portanto, renovar as estruturas, implica em perceber que as pessoas não buscam a Igreja apenas para os sacramentos e os serviços pastorais. Elas são como ovelhas errantes que precisam ser cuidadas e curadas. Suas almas estão machucadas, doentes, sozinhas e violentadas. As reformas nas estruturas precisam atingir a vida da comunidade a ponto de renová-la interiormente, e não apenas como se mudasse a cor das paredes da Igreja.
c) Entre o relativismo e o fundamentalismo. O terceiro desafio da comunidade está em duas posições antagônicas na sociedade, as quais também se fazem presente na comunidade eclesial: o relativismo e o fundamentalismo. Ambos derivam do individualismo, sendo expressões do egoísmo. O primeiro esvazia todo absolutismo, mas, ao mesmo tempo, torna tudo fluído e sem consistência, onde tudo pode, tudo é certo, tudo é decidido pela consciência pessoal que se torna o único critério de decisão. Na vida de comunidade, isto provoca o desenraizamento e o fechamento em relação aos valores comunitários, à doutrina e dogmas de fé. Inexiste o compromisso ético que deriva do apelo do Evangelho. O segundo, absolutiza determinadas práticas e posicionamentos em nome de uma pretensa fidelidade à religião, mas que na verdade, são posições extremamente excludentes, pois não aceita quem pensa diferente. Defendem-se modelos eclesiais como se fossem ideologias, esquecendo-se de que a Igreja, sendo comunhão de diferentes, deve ter como fundamento apenas o Evangelho de Jesus.




3.    Desafios no âmbito da Sociedade.

O terceiro âmbito que exige a renovação da Igreja são os desafios presentes na Sociedade. A Igreja é um organismo vivo da sociedade e seus membros são chamados a dar as razões da fé (1Pe 3,15).
a) Sociedade pós-cristã. Se os princípios modernos definiram a secularização dos Estados, também é verdade que os cristãos não podem se omitir de participar da vida pública. O Vaticano II definiu na LG, que o Povo de Deus tem a vocação de defender a vida e a dignidade humana em função da fé em Jesus Cristo. Dizer não ao individualismo, ao materialismo, ao consumismo da sociedade é imperativo da fé, e as comunidades e paróquias devem promover tais valores. Em todo ser humano há uma busca pela razão da vida, e isto deve ser valorizado.
b) O pluralismo cultural. A sociedade moderna enaltece as diferentes formas de se viver e pensar. Mas a abertura ao pluralismo não pode ser identificada como indiferença à diversidade. O indiferentismo, como fruto do individualismo, não pode ter a última palavra. Diante desta realidade de anti-reino, a Igreja, que deseja ser presença servidora e solidária, deve se renovar como sinal de constante conversão pastoral ao Evangelho.
4. A Urgência da renovação paroquial. A paróquia é uma realidade eclesial e a Conferência de Aparecida a vê como uma importante célula eclesial. A renovação proposta deve ser vista em função dos apelos do Evangelho de Jesus. Há desafios sociais que pedem uma tomada de posição sociopolítica da comunidade dos cristãos. A vida precisa ser defendida. As grandes cidades desafiam a Igreja, principalmente nas periferias, os aglomerados urbanos exigem criatividade missionária de ir ao encontro do povo que precisa ser evangelizado. De outro lado, há anos, a Igreja identifica vários sinais que revelam a necessidade da renovação: a diminuição de católicos, a existência de muitas comunidades sem eucaristia, a redução de pessoas que buscam os sacramentos, as poucas crismas e a falta de vocações para a vida presbiteral e religiosa. Em muitas comunidades e paróquias parece haver um esfriamento na fé, há uma crise do sentimento de pertença à comunidade e no engajamento na paróquia.
Os novos contextos provocam a Igreja. Identificam-se desafios externos e internos. De fora, os ventos são de individualismo, relativismo, fundamentalismo, do pluralismo e das mudanças familiares. De dentro, é desafiada a pôr em prática a conversão pastoral, a ultrapassar a territorialidade e a romper as estruturas obsoletas da evangelização, abandonando a mera pastoral de manutenção e implantando uma pastoral realmente missionária. Este capítulo propõe uma profunda reflexão por conta dos desafios deste mundo em mudança, e de limitações internas e resistências a modelos de paróquias, que já não são mais adequados para este tempo, por isso oportunidade de conscientização, ação e transformação em vista de uma renovação. Eis a razões pelas quais as estruturas eclesiais e, especialmente, as paroquiais precisam ser renovadas.

Esta ficha foi publicada três dias depois da publicação oficial da Exortação Apostólica Evangelli Gaudium. Trata-se de um belo texto que destaca a alegria como característica fundamental da Evangelização. É um programa pastoral para a Igreja que deseja ser presença de Cristo no mundo. Sugerimos a leitura, especialmente o capitulo 1 - A Transformação Missionária da Igreja.

Para Refletir:

1) Qual dos três âmbitos da Evangelização você julga mais desafiador e por quê?
2) Que mudanças você considera necessárias ou mais importantes para a renovação das paróquias?

3) Como viver a proposta cristã no âmbito pessoal, comunitário e social? 

COMUNIDADE DE COMUNIDADES: UMA NOVA PARÓQUIA (II)

 O Blog CMliturgo (diac. Carlos Ericeira), visando um maior aprofundamento e conhecimentos dos documentos da Igreja, traz aos irmãos um trabalho desenvolvido pela Arquidiocese de Campinas.  Colabore fazendo a transmissão deste conhecimento, promova encontros de estudo,acompanhe o cronograma das atividades do blog e a edição das próximas Fichas de Estudos do DOC. 104 da CNBB. Esta é a 2ª ficha que reflete a perspectiva teológica, para completar este estudo ainda seráo editadas mais 2 fichas.  
Estou aguardando o seu comentário!          



FICHA DE ESTUDO II

COMUNIDADE DE COMUNIDADES: UMA NOVA PARÓQUIA (II)


Perspectiva Teológica


A abordagem desta Ficha recai sobre o Capítulo 2: Perspectiva Teológica, do Estudo 104 da CNBB - “Comunidade de Comunidades: Uma nova Paróquia”, que apresenta as concepções teológicas sobre a comunidade e a paróquia. A ideia principal é resgatar a noção eclesiológica da “Domus Eclesiae” (Igreja Doméstica) dos tempos apostólicos, onde os cristãos se reuniam para professar a fé, ouvindo e celebrando a Palavra, vivendo a caridade e orando, a partir dos ensinamentos de Jesus.

1. A Igreja Doméstica: No cristianismo nascente, os discípulos se reuniam nas casas daqueles que os acolhiam para a partilha da palavra e fração do pão, formando as primeiras comunidades cristãs. Paulo, em sua peregrinação no Mediterrâneo, formou comunidades cristãs que ele designou de Igrejas Domésticas. Não eram identificadas pelo prédio ‘igreja’ - como espaço para o culto - tal qual hoje conhecemos, mas pela existência de grupos de cristãos que viviam relações
interpessoais da comunhão de fé.

2. O surgimento das paróquias: Com a centralização das lideranças em Roma e o crescimento do número de cristãos, a Igreja Doméstica foi sendo substituída por assembleias cada vez mais numerosas e anônimas, que celebravam o culto em lugares específicos para esta finalidade. O reconhecimento do cristianismo como religião oficial, no século IV, fez com que a Diocese e o Bispo se tornassem as principais referências eclesiais e responsáveis pela expansão das comunidades dirigidas pelos Presbíteros, numa estrutura organizacional muito semelhante a que
conhecemos hoje como Paróquia. Durante a Idade Média, predominaram as catedrais, as igrejas ligadas aos mosteiros e as pequenas igrejas dos vilarejos nas quais aconteciam as funções religiosas, e a missão se caracterizava, essencialmente, na construção de novas igrejas para reunir os cristãos. O Concílio de Trento (séc. XVI) determinou a ereção de novas Paróquias para atender ao crescimento populacional, segundo o principio da territorialidade, modelo que, substancialmente, ainda subsiste, e, no período que antecede a era industrial, a Paróquia abarcava a sociedade local como comunidade territorial, para atender as famílias. No Código de Direito Canônico (CDC) de 1917, a Paróquia é definida como a menor circunscrição local, pastoral e administrativa, porém, no novo CDC (1983), ela é a comunidade de fiéis, constituída de maneira estável e confiada a um Pároco, como seu pastor.

3. A paróquia no Concilio Vaticano II: Embora este Concílio não tenha produzido nenhum texto específico sobre a Paróquia, ele traz uma importante colocação a partir da Lumen Gentium, sobre ‘A Igreja Particular’ que explicita o seguinte: “Esta Igreja de Cristo está verdadeiramente presente em todas as legítimas comunidades locais de fiéis, que unidas com seus pastores, são também elas, no Novo Testamento, chamadas de igrejas”.
A Igreja Particular se caracteriza como porção do Povo de Deus, e é formada pela interligação das paróquias que a compõem, as quais são consideradas ‘células da diocese’. No Brasil, como uma nova forma de organização eclesial, surgiram pequenas comunidades ligadas a uma determinada paróquia, as quais, entendidas no horizonte da comunhão, todos os que nelas participam fazem a experiência de ser Igreja com multiplicidade de dons, de carismas e de ministério, e possuem  força profética num mundo marcado pelo individualismo. Esta comunhão deve ser a característica principal de todas as formas de organização da vida eclesial. Quando se propõe uma nova paróquia como comunidade de comunidades, mais do que criar novas estruturas, trata-se de recuperar as relações interpessoais e de comunhão como meio de pertença eclesial. Neste sentido, o Concílio Vaticano II aponta para três direções quanto ao modelo vigente de Paróquia: a passagem do territorial para o comunitário; do princípio único do pároco para uma comunidade
toda ministerial; e da dimensão cultual para a totalidade das dimensões da comunhão e da missão da Igreja no mundo.

4. A Renovação paroquial na América Latina e no Caribe: Na América Latina, desde Medellín, passando por Puebla e Santo Domingo, o magistério confirmou a tradição paroquial, recomendando a sua renovação: A paróquia não é território, nem estrutura, nem edifício, mas é a família de Deus... que acolhe as angústias e esperanças, anima e orienta a comunhão, a participação e a missão, como Igreja inserida na sociedade e solidária com suas aspirações e dificuldades. Ela deve evangelizar, celebrar, fomentar a promoção humana e fazer progredir a inculturação da fé, e ser uma rede de comunidades. Aparecida destaca a multiplicação das comunidades e intensificação da pastoral urbana, e ressalta a contribuição das CEBs. Afirma que não há comunidade com multidões anônimas na Paróquia, daí a necessidade dela se tornar comunidade de comunidades, lugar privilegiado onde a maioria dos fiéis tem uma experiência concreta de Cristo e da comunhão eclesial. As comunidades paroquiais são casas e escolas de comunhão e devem ser um todo orgânico que envolve os diversos aspectos da vida, pois como vimos nas DGAE, as paróquias têm um importante papel na vivência da fé para a maioria dos fiéis (Fichas: 46, 47, 48, 49, 50, 51).

5. A Paróquia como Casa: Para propor a reflexão sobre a renovação da paróquia, como comunidade de comunidades, o Estudo 104 resgata a imagem da ‘Igreja como Casa’, onde as pessoas se encontram em comunidade, num ambiente de vida e aconchego que garante o referencial para o cristão encontrar-se no lar e prosseguir na estrada de Jesus, e com Ele se deter na casa dos amigos. Hoje há uma situação de desamparo, falta de pertença e deserto espiritual, que reclama uma casa de acolhida. Por isso, a necessidade da Paróquia ser essa casa, onde se
ouve a convocação para que todos sejam um e vivam como irmãos na família de Deus. Esse é um desafio da Igreja, de recuperar esta fraternidade das casas, pois relações que não formam  vínculos, não criam sentimento de pertença.
A Paróquia, como Casa da Palavra e do discípulo que a acolhe e pratica, é a Igreja que se define pelo acolhimento do Verbo que colocou a sua tenda entre os homens. Porém, a Palavra não deve estar presente apenas na Celebração Eucarística, mas em todo o agir eclesial, principalmente, como fonte de conhecimento da História da Salvação que precisa ser ensinada a todo povo de Deus. Portanto, é na Casa da Palavra que o estudo, a formação e a oração devem ocupar também lugar de destaque.
A Igreja, como Casa do Pão, atrai os que têm fome, e é o lugar onde os cristãos se nutrem com a Eucaristia, estabelecem as novas relações que o Evangelho propõe. É fonte da vocação e do seu impulso missionário que leva a Paróquia a concretizar o seu compromisso social pela caridade.
Deus fez a sua morada entre os homens; nasceu em Belém, a “casa do pão”; peregrinou pela Galileia e Judeia; providenciou a Palavra e o Alimento para os cansados e abatidos. Assim, também, deve ser a Igreja, onde a comunidade vive da Eucaristia que a une pelo Espírito Santo, em Cristo, para chegar ao Pai.
A Igreja, como Casa da caridade (ágape), é onde na Palavra e na Eucaristia, o cristão vive o amor como ágape na relação com Deus. A amizade é o paradigma de todo relacionamento de Jesus com os discípulos, e de Deus com a humanidade. Diante do pecado, Deus não se torna inimigo, mas se revela como o Deus-Conosco, o Emanuel, que, em Jesus Cristo, se faz amigo e irmão. A Igreja é a comunidade santa porque nela se vive o amor. Deus oferece aos homens, a filiação adotiva em Cristo, chamando-os à santidade, que é a vida de união com Ele, com os irmãos e as irmãs, e a criação. A amizade se refere ao amor e torna-se expressão do ágape, o centro do amor cristão. Quando Deus convoca a humanidade para derrubar as barreiras que impedem a fraternidade, esta amizade, amor ágape, é traduzida em compaixão pelos que sofrem.

6. A Paróquia Hoje: A Paróquia é importante para a construção da identidade cristã, e é o lugar onde o cristianismo se torna visível na cultura e na história. Ela está desafiada a se renovar diante das aceleradas mudanças, inserindo a revisão da ação pastoral de modo geral, em vista da urgência de uma nova evangelização.
É preciso compreender duas noções de Paróquia: como casa de acolhida e como comunidade que é lar dos cristãos onde se faz a experiência de seguir Jesus. Como acolhimento, ela é o espaço para receber pessoas com suas buscas e vivências, que pretendem seguir o caminho. E enquanto espaço da comunidade, ela reúne esses cristãos em grupos comprometidos a viverem o evangelho em comunidade, a partir da fé, em profunda comunhão com Deus e entre si, numa verdadeira comunhão eclesial que encontra a sua expressão mais imediata e visível na Paróquia. Embora, por vezes, pobre em pessoas e em meios, e outras vezes dispersa em territórios vastíssimos ou quase desaparecida no meio de bairros modernos, populosos e caóticos, a Paróquia é, sobretudo, a família de Deus, o próprio mistério da Igreja presente e operante nela.
Teologicamente, o fundamento da Paróquia é ser uma comunidade eucarística que celebra a presença de Cristo, Palavra e Eucaristia, estabelecendo os vínculos de comunhão entre os seus fiéis, e remete todos à missão de testemunhar na caridade a verdade professada. Assim, a nova Paróquia, descrita no Estudo 104 da CNBB, é aquela que se abre aos desafios do século XXI assumindo, como modelo, a ação de Jesus Cristo: proclamar o ano da graça do Senhor (Lc 4,18-19).

Para Refletir:
1.    Na vivência comunitária atual, vivemos realmente a proposta cristã original? Qual é a sua realidade?
2.    Como a proposta de pequenas comunidades, com ativa participação ministerial dos cristãos leigos pode ser uma boa perspectiva de renovação paroquial?
3.       De que modo nós, cristãos do terceiro milênio, podemos, a partir da comunidade de comunidades, fazer florescer, de fato, a tão sonhada comunhão?


3.


FONTE: avf@arquidiocesecampinas.com  - O texto das fichas de estudo está publicado no site: Ambiente Virtual de Formação: Igreja em Rede http://www.ambientevirtual.org.br/fichas-de-estudo/comunidade-de-comunidades-uma-nova-paroquia-i-perspectiva-biblica onde você poderá fazer o download em PDF.

COMUNIDADE DE COMUNIDADES: UMA NOVA PARÓQUIA (I)

O Blog CMliturgo (diac. Carlos Ericeira), visando um maior aprofundamento e conhecimentos dos documentos da Igreja, traz aos irmãos um trabalho desenvolvido pela Arquidiocese de Campinas.  Colabore fazendo a transmissão deste conhecimento, promova encontros de estudo, acompanhe o cronograma das atividades do blog e a edição das próximas Fichas de Estudos do DOC. 104 da CNBB 
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FICHA DE ESTUDO I


COMUNIDADE DE COMUNIDADES: UMA NOVA PARÓQUIA (I)

Perspectiva Bíblica

O texto de Estudos da CNBB, nº 104, “Comunidade de Comunidades: Uma nova Paróquia”, apresentado em quatro capítulos, tem a finalidade de promover a reflexão sobre a renovação das paróquias, diante das mudanças que estamos vivendo, para que elas se tornem uma Igreja em permanente estado de Missão. Espera-se, por meio dele, que as dioceses apresentem sugestões complementares, que posteriormente serão avaliadas pelos bispos e encaminhadas para a votação final na Assembleia da CNBB, em 2014, quando então deverá se transformar em um documento norteador para as paróquias.

Nesta Ficha será desenvolvido o Capítulo 1: Perspectiva Bíblica, que destaca a importância da Palavra de Deus na vida da comunidade e na vida do discípulo missionário. A Constituição Dogmática Constituição Dogmática Dei Verbum e a Exortação Apostólica pós-sinodal Verbum Domini ressaltam que a Palavra de Deus ilumina, na comunidade, a realidade que o discípulo é chamado a transformar, para que a paróquia seja de fato presença viva de Jesus Cristo em meio às pessoas, às famílias e à sociedade. Eis alguns elementos bíblicos que iluminam os desafios de transformar a paróquia em verdadeira escola de comunhão, em “comunidade de comunidades”:

1- Recuperar a comunidade. Segundo o texto, não é de hoje que a tendência ao isolamento atinge as pessoas, as famílias e a comunidade, que muitas vezes se fecham à realidade e aos apelos para uma vida em sociedade. No seu tempo, Jesus ensinou que a comunidade deveria ser exemplo da bondade, do amor e da misericórdia, como expressão da grande família dos filhos de Deus, principalmente às pequenas famílias e às pessoas sozinhas e indefesas. Para Jesus, a comunidade é um dos muitos sinais do Reino de Deus em meio a uma sociedade egoísta e fechada. Ainda hoje, em tempos de forte apelo ao individualismo, ao hedonismo e ao materialismo, onde as pessoas vivem no anonimato, a paróquia é chamada a recuperar seu sentido de comunidade, como lugar de acolhida a todos os que a procuram, incentivando o diálogo, o contato humano e à fraternidade.

2- A nova experiência de Deus: o Abbá. Jesus testemunhava uma grande intimidade com o Pai (Jo 14,9) pela oração, nas reuniões na sinagoga, pelo seu jeito de ser e de viver, de acolher as pessoas e de revelar o seu amor. Era o retrato vivo de Deus, o portador da Boa Nova para todos os seres humanos, sobretudo para os pobres, e é esta experiência que a paróquia deve propiciar ao povo.

3- A missão do Messias, como servo de Deus, “que não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida em resgate de muitos” (Mc 10,45). Jesus revela-se como o Messias que realiza as esperanças dos pobres, fazendo justiça aos oprimidos, dando pão aos famintos, libertando os prisioneiros, abrindo os olhos dos cegos, endireitando os curvados, acolhendo os justos e os pecadores, protegendo os estrangeiros, sustentando o órfão e a viúva, e permanecendo fiel à missão de servo. Da mesma forma a comunidade paroquial deve ser servidora do povo. Esta é a sua vocação!

4- A novidade do Reino. Da relação entre Cristo e os seus discípulos surge uma nova proposta de vida, que precisa ser acolhida pela humanidade. No relacionamento entre homem e mulher, o máximo de igualdade (Mt 19,7-12); entre os discípulos, o máximo de partilha (Mc 10,28); com os pequenos e excluídos, o máximo de acolhida (Mc 9,41-50); com os bens materiais, o máximo de abnegação (Mc 10,17); com relação ao poder, o exercício do serviço (Lc 22,25-26); com relação ao perdão, a comunidade situa-se como o lugar de perdão e de reconciliação e não de mútua condenação. Eis a prática social que se espera de cada discípulo e da comunidade inteira.

5- Um novo estilo de vida comunitária. O Reino implica em uma nova maneira de viver e de conviver, por isso, Jesus deu quatro recomendações para a vida comunitária: hospitalidade (Lc 9,4; 10,5-6), partilha (Lc 10,7), comunhão (Lc 10,8) e acolhida (Mt 10,8). Atendidas estas recomendações, pode-se proclamar que “O Reino Chegou!” (Mc 6,7,13). Estes são os sinais que indicam o quanto a comunidade paroquial é sinal do Reino.

6- O novo modo de ser pastor. Jesus vai ao encontro das pessoas onde elas estão e propõe um caminho de vida (Mt 11,28); não exclui ninguém; supera as barreiras de sexo, religião, etnia e de classe; não se fecha dentro de sua própria cultura; reconhece as coisas boas que existem em todas as pessoas, por isso, se apresenta como o Bom Pastor (Jo 10,11). Ele é o modelo de pastoral para toda paróquia e comunidade: acolhe, ensina, cuida, guia, promove a comunhão na fé, na esperança e no amor, e se aproxima também dos irmãos de outras tradições.

7- O ensinamento novo. Jesus ensinava de forma simples e direta, com palavras voltadas ao cotidiano das pessoas, fazendo-as participarem da descoberta da verdade. Sua vida era o testemunho do que ensinava, por isso, o povo percebeu „um ensinamento novo, e com autoridade‟ (Mc 1,27). O testemunho deve ser a primeira ação da Evangelização nas paróquias.

8- A nova Páscoa. Na Páscoa de Jesus, a morte foi vencida. A nova comunidade, reunida pelo Ressuscitado, é a expressão e o anúncio de uma nova e eterna aliança selada na nova Páscoa. Ela promove o perdão dos pecados para reconciliar o mundo com Cristo e expandir a mensagem da Boa Nova a toda humanidade. “Todo aquele que nele crer não morrerá, mas terá a vida eterna” (Jo 10, 3,36). Toda paróquia deve ser geradora de vida humana, vida de fé e esperança.

9- Pentecostes: o novo Povo de Deus. O poder do Espírito Santo, recebido no dia de Pentecostes (At 2), que realiza nos corações a condição para que alguém se torne seguidor de Jesus Cristo, concede diversos carismas que acompanham o verdadeiro anúncio evangélico, e guia as decisões da Igreja para ser uma comunidade evangelizadora. Na paróquia todos são responsáveis: padres e leigos têm a mesma importância; sobretudo quando aceita a colaboração de cada um, de modo a dar oportunidade para todos.

10- A nova comunidade cristã. A inspiração para toda comunidade cristã parte de quatro colunas básicas: a) Perseverança em ouvir o ensinamento dos apóstolos (1Ts 2,13); b) A Comunhão fraterna (Gl 3,28; Cl 3,11; 1Cor 12,13), c) A fração do pão (Eucaristia) (Lc 24,30-35); d) As orações (At 5,12b). São esses gestos que tornam a comunidade cada vez mais apaixonada pelo Deus de Jesus Cristo e pela sua proposta de vida.

11- A missão. Os discípulos de Jesus são reconhecidos por viverem em comunhão (Jo 13,34), tornando-se testemunhas pascais que recebem o mandato missionário para realizar pregações, curas e formar comunidades. A mística desta comunhão deve ser o grande ideal de uma paróquia.

12- A nova esperança: a comunidade eterna. A esperança no Reino de Deus, anunciado por Cristo, desperta nos cristãos o compromisso de trabalhar por um mundo melhor e esperar a plena realização dos novos céus e da nova terra (2Pd 3,13), onde Deus será tudo em todos. Cada comunidade cristã deve ser testemunha e anunciadora desta realidade futura, atualizando, através dos séculos, a mensagem de esperança de Cristo. Eis o agir em comunidade!
Para criar a convicção e uma cultura de Comunidade de Comunidades é preciso que surja uma nova forma da paróquia ser e de se organizar. Ela deve expressar a comunhão de pequenos grupos e comunidades que buscam a fidelidade ao projeto de Jesus através da atualidade da Palavra de Deus e da adesão ao Reino, ao mundo novo, ao novo estado de coisas, à nova maneira de ser, de viver, de estar junto com os outros, que o Evangelho inaugura. Para esta renovação, a Igreja precisa cuidar do amadurecimento da fé de seus membros, principalmente através da formação bíblica, que deve ser permanente. É a formação que fortalece a fé e a vida comunitária, para que ela seja sinal e instrumento do Reino, afinal, evangelizar é também uma tarefa comunitária.


Para Refletir:
11)    Qual a importância da Palavra de Deus na vida do Discípulos Missionário e na Missão?

22)    Você considera que a formação cristã oferecida pela Paróquia/Comunidade deve ser mantida como está? Por quê?


33)    O que se pode propor como novidade ou aprimoramento para transformar a paróquia numa verdadeira escola de comunhão: Comunidade de Comunidades?




 FONTE: avf@arquidiocesecampinas.com  - O texto das fichas de estudo está publicado no site: Ambiente Virtual de Formação: Igreja em Rede http://www.ambientevirtual.org.br/fichas-de-estudo/comunidade-de-comunidades-uma-nova-paroquia-i-perspectiva-biblica onde você poderá fazer o download em PDF.

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Comemoração do 1 ano do Diaconato

 
 O dia 24 de novembro de 2013, dia em que se celebrou a solenidade de Cristo Rei do universo, encerramento do ano litúrgico e também do ano da fé, foi para todos nós (31) diáconos permanentes da Arquidiocese de São Luis (MA) um dia muito especial, momento em que redemos graças ao nosso mestre e Senhor por nos ter escolhido, chamado e enviado para a missão evangelizadora com a graça do ministério ordenado do diaconado. 
Aproveito para relembrar uma frase do nosso patrono São Francisco de Assis "Irmãos até aqui pouco ou nada fizemos"  e somos conscientes que ainda há muito a ser feito e a necessidade é urgente e grande, porém, diante da aridez do imenso deserto encontrado no cotidiano da vida, este primeiro ano de exercício ministerial se revelou como um oásis para Igreja local, onde servimos a Jesus através dos irmãos. Deus nos lembra que se nos mantivermos fiéis no pouco Ele nós confiará cada vez mais e a cada dia avançaremos até o encontro definitivo. É momento de parabéns e de alegria, mas, principalmente é momento de revigorar as forças para sermos cada vez mais sinal e seta de que Deus está e se manifesta em nosso meio; que seu reino é de amor, igualdade, justiça e paz e não terá fim. 
Seja bendito o Senhor que fez e faz em nós maravilhas!

ass. Diac. Carlos Ericeira     

Confraternização após a celebração de ação de graças na Paroquia de Santa Terezinha (Filipinho - São Luis/MA)

Processo vocacional para Nova turma de Diaconos

Durante reunião com diáconos permanentes na noite do dia, 21/11/13, o arcebispo de São Luís, dom José Belisário da Silva, anunciou que “é preciso partir para a segunda turma de diáconos”. “Esse é o nosso encaminhamento concreto: dar início à nova turma”, pontuou. Dom José Belisário explicou que ao longo de 2014 será realizado um processo vocacional para começar a nova turma em 2015. O processo consiste em ouvir as indicações dos padres e das comunidades, receber e avaliar os candidatos, convidar e selecionar.
Postado por Diácono George Castro                                                                                               Por: Bento Leite

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Estudo Doc 104 CNBB - Comunidade de Comunidades

A Equipe de Formação Paroquial, Jornal A Palavra Viva e o Blog CMliturgo (diac. Carlos Ericeira), visando um maior aprofundamento e conhecimentos dos documentos da Igreja, traz aos irmãos (paroquianos do São Cristóvão) um trabalho desenvolvido pela Arquidiocese de Campinas.  Colabore com os organizadores na transmissão destes encontros de estudo, acompanhe o cronograma de estudo da Paróquia e a edição das próximas Fichas de Estudos.


 COMUNIDADE DE COMUNIDADES: UMA NOVA PARÓQUIA (I)

Perspectiva Bíblica
O texto de Estudos da CNBB, nº 104, “Comunidade de Comunidades: Uma nova Paróquia”, apresentado em quatro capítulos, tem a finalidade de promover a reflexão sobre a renovação das paróquias, diante das mudanças que estamos vivendo, para que elas se tornem uma Igreja em permanente estado de Missão. Espera-se, por meio dele, que as dioceses apresentem sugestões complementares, que posteriormente serão avaliadas pelos bispos e encaminhadas para a votação final na Assembleia da CNBB, em 2014, quando então deverá se transformar em um documento norteador para as paróquias.

Nesta Ficha será desenvolvido o Capítulo 1: Perspectiva Bíblica, que destaca a importância da Palavra de Deus na vida da comunidade e na vida do discípulo missionário. A Constituição Dogmática Constituição Dogmática Dei Verbum e a Exortação Apostólica pós-sinodal Verbum Domini ressaltam que a Palavra de Deus ilumina, na comunidade, a realidade que o discípulo é chamado a transformar, para que a paróquia seja de fato presença viva de Jesus Cristo em meio às pessoas, às famílias e à sociedade. Eis alguns elementos bíblicos que iluminam os desafios de transformar a paróquia em verdadeira escola de comunhão, em “comunidade de comunidades”:

1- Recuperar a comunidade. Segundo o texto, não é de hoje que a tendência ao isolamento atinge as pessoas, as famílias e a comunidade, que muitas vezes se fecham à realidade e aos apelos para uma vida em sociedade. No seu tempo, Jesus ensinou que a comunidade deveria ser exemplo da bondade, do amor e da misericórdia, como expressão da grande família dos filhos de Deus, principalmente às pequenas famílias e às pessoas sozinhas e indefesas. Para Jesus, a comunidade é um dos muitos sinais do Reino de Deus em meio a uma sociedade egoísta e fechada. Ainda hoje, em tempos de forte apelo ao individualismo, ao hedonismo e ao materialismo, onde as pessoas vivem no anonimato, a paróquia é chamada a recuperar seu sentido de comunidade, como lugar de acolhida a todos os que a procuram, incentivando o diálogo, o contato humano e à fraternidade.

2- A nova experiência de Deus: o Abbá. Jesus testemunhava uma grande intimidade com o Pai (Jo 14,9) pela oração, nas reuniões na sinagoga, pelo seu jeito de ser e de viver, de acolher as pessoas e de revelar o seu amor. Era o retrato vivo de Deus, o portador da Boa Nova para todos os seres humanos, sobretudo para os pobres, e é esta experiência que a paróquia deve propiciar ao povo.

3- A missão do Messias, como servo de Deus, “que não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida em resgate de muitos” (Mc 10,45). Jesus revela-se como o Messias que realiza as esperanças dos pobres, fazendo justiça aos oprimidos, dando pão aos famintos, libertando os prisioneiros, abrindo os olhos dos cegos, endireitando os curvados, acolhendo os justos e os pecadores, protegendo os estrangeiros, sustentando o órfão e a viúva, e permanecendo fiel à missão de servo. Da mesma forma a comunidade paroquial deve ser servidora do povo. Esta é a sua vocação!

4- A novidade do Reino. Da relação entre Cristo e os seus discípulos surge uma nova proposta de vida, que precisa ser acolhida pela humanidade. No relacionamento entre homem e mulher, o máximo de igualdade (Mt 19,7-12); entre os discípulos, o máximo de partilha (Mc 10,28); com os pequenos e excluídos, o máximo de acolhida (Mc 9,41-50); com os bens materiais, o máximo de abnegação (Mc 10,17); com relação ao poder, o exercício do serviço (Lc 22,25-26); com relação ao perdão, a comunidade situa-se como o lugar de perdão e de reconciliação e não de mútua condenação. Eis a prática social que se espera de cada discípulo e da comunidade inteira.

5- Um novo estilo de vida comunitária. O Reino implica em uma nova maneira de viver e de conviver, por isso, Jesus deu quatro recomendações para a vida comunitária: hospitalidade (Lc 9,4; 10,5-6), partilha (Lc 10,7), comunhão (Lc 10,8) e acolhida (Mt 10,8). Atendidas estas recomendações, pode-se proclamar que “O Reino Chegou!” (Mc 6,7,13). Estes são os sinais que indicam o quanto a comunidade paroquial é sinal do Reino.

6- O novo modo de ser pastor. Jesus vai ao encontro das pessoas onde elas estão e propõe um caminho de vida (Mt 11,28); não exclui ninguém; supera as barreiras de sexo, religião, etnia e de classe; não se fecha dentro de sua própria cultura; reconhece as coisas boas que existem em todas as pessoas, por isso, se apresenta como o Bom Pastor (Jo 10,11). Ele é o modelo de pastoral para toda paróquia e comunidade: acolhe, ensina, cuida, guia, promove a comunhão na fé, na esperança e no amor, e se aproxima também dos irmãos de outras tradições.

7- O ensinamento novo. Jesus ensinava de forma simples e direta, com palavras voltadas ao cotidiano das pessoas, fazendo-as participarem da descoberta da verdade. Sua vida era o testemunho do que ensinava, por isso, o povo percebeu „um ensinamento novo, e com autoridade‟ (Mc 1,27). O testemunho deve ser a primeira ação da Evangelização nas paróquias.

8- A nova Páscoa. Na Páscoa de Jesus, a morte foi vencida. A nova comunidade, reunida pelo Ressuscitado, é a expressão e o anúncio de uma nova e eterna aliança selada na nova Páscoa. Ela promove o perdão dos pecados para reconciliar o mundo com Cristo e expandir a mensagem da Boa Nova a toda humanidade. “Todo aquele que nele crer não morrerá, mas terá a vida eterna” (Jo 10, 3,36). Toda paróquia deve ser geradora de vida humana, vida de fé e esperança.

9- Pentecostes: o novo Povo de Deus. O poder do Espírito Santo, recebido no dia de Pentecostes (At 2), que realiza nos corações a condição para que alguém se torne seguidor de Jesus Cristo, concede diversos carismas que acompanham o verdadeiro anúncio evangélico, e guia as decisões da Igreja para ser uma comunidade evangelizadora. Na paróquia todos são responsáveis: padres e leigos têm a mesma importância; sobretudo quando aceita a colaboração de cada um, de modo a dar oportunidade para todos.

10- A nova comunidade cristã. A inspiração para toda comunidade cristã parte de quatro colunas básicas: a) Perseverança em ouvir o ensinamento dos apóstolos (1Ts 2,13); b) A Comunhão fraterna (Gl 3,28; Cl 3,11; 1Cor 12,13), c) A fração do pão (Eucaristia) (Lc 24,30-35); d) As orações (At 5,12b). São esses gestos que tornam a comunidade cada vez mais apaixonada pelo Deus de Jesus Cristo e pela sua proposta de vida.

11- A missão. Os discípulos de Jesus são reconhecidos por viverem em comunhão (Jo 13,34), tornando-se testemunhas pascais que recebem o mandato missionário para realizar pregações, curas e formar comunidades. A mística desta comunhão deve ser o grande ideal de uma paróquia.

12- A nova esperança: a comunidade eterna. A esperança no Reino de Deus, anunciado por Cristo, desperta nos cristãos o compromisso de trabalhar por um mundo melhor e esperar a plena realização dos novos céus e da nova terra (2Pd 3,13), onde Deus será tudo em todos. Cada comunidade cristã deve ser testemunha e anunciadora desta realidade futura, atualizando, através dos séculos, a mensagem de esperança de Cristo. Eis o agir em comunidade!
Para criar a convicção e uma cultura de Comunidade de Comunidades é preciso que surja uma nova forma da paróquia ser e de se organizar. Ela deve expressar a comunhão de pequenos grupos e comunidades que buscam a fidelidade ao projeto de Jesus através da atualidade da Palavra de Deus e da adesão ao Reino, ao mundo novo, ao novo estado de coisas, à nova maneira de ser, de viver, de estar junto com os outros, que o Evangelho inaugura. Para esta renovação, a Igreja precisa cuidar do amadurecimento da fé de seus membros, principalmente através da formação bíblica, que deve ser permanente. É a formação que fortalece a fé e a vida comunitária, para que ela seja sinal e instrumento do Reino, afinal, evangelizar é também uma tarefa comunitária.


Para Refletir:
1a)    Qual a importância da Palavra de Deus na vida do Discípulos Missionário e na Missão?

2b)    Você considera que a formação cristã oferecida pela Paróquia/Comunidade deve ser mantida como está? Por quê?


3c)    O que se pode propor como novidade ou aprimoramento para transformar a paróquia numa verdadeira escola de comunhão: Comunidade de Comunidades?



Ao fazer uso deste texto, favor citar a fonte.
FONTE: avf@arquidiocesecampinas.com  - O texto das fichas de estudo está publicado no site: Ambiente Virtual de Formação: Igreja em Rede http://www.ambientevirtual.org.br/fichas-de-estudo/comunidade-de-comunidades-uma-nova-paroquia-i-perspectiva-biblica onde você poderá fazer o download em PDF.




quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Um ano de diaconado permanente
Dom José Belisário da Silva *
A identidade do diácono se encontra, antes de tudo, na ordem do ser. Ele recebe uma graça sacramental que determina o espírito com que exerce o seu ministério. Por isso, não deve, em primeiro lugar, ser definido a partir das funções ou dos poderes que lhe são confiados. Ele recebe uma marca indelével através da ordenação sacramental. É na sua significação que se encontra a especi­ficidade do diaconado.(Diretrizes para o Diaconado Permanente, nº 33 – CNBB).
Neste mês de novembro completa-se um ano da ordenação do primeiro grupo de diáconos permanentes da Arquidiocese de São Luís. É uma data a ser festejada com alegria e gratidão, mas é também um tempo favorável para uma avaliação do caminho percorrido.
Numa sociedade marcada pelo fazer, há, antes de tudo, um risco a ser evitado, a saber, o risco de compreender o ministério diaconal numa perspectiva funcionalista, pragmática, reduzindo-o à prestação de serviços ou ao cumprimento eficiente de determinadas funções. Claro que as funções são importantes e devem ser desempenhadas com esforço e amor. No entanto, como afirmam as Diretrizes para o Diaconado Permanente, a identidade diaconal encontra-se, antes de tudo, na ordem do ser e não do fazer. Eis o desafio: ser um cristão diácono sempre, em todas as circunstâncias, e para sempre.
Numa sociedade marcada pela busca do poder, pela busca do interesse próprio, na qual até as relações humanas são mercantilizadas, onde o valor da pessoa é estabelecido pelo mercado, pelo poder e pelos bens que se têm, pela capacidade de produzir ou consumir, os diáconos devem nos ajudar a resgatar a lógica da gratuidade, na perspectiva da graça. Seria uma lástima entender o diaconado como busca de privilégios e honrarias.
O Documento de Aparecida fala dos “novos rostos dos pobres”. Ao lado de antigos problemas sociais que lamentavelmente perduram e, por vezes, se agravam, novos rostos de sofredores assomam à cena social – dependentes de drogas, detidos nas prisões, idosos abandonados, meninos de rua, enfermos e tantos outros. Perante esses “novos rostos dos pobres”, o serviço da caridade torna-se mais necessário e desafiador e pressupõe uma caridade inteligente e organizada, tanto de cunho emergencial como de cunho sócio-transformador.
            São Luis 
Estamos vivenciando no Brasil uma grande diversidade de situações culturais. O pré-moderno, o moderno e o pós-moderno convivem e frequentemente se misturam. Essa situação exige do evangelizador uma atitude de abertura e de diálogo. Surgem novos areópagos que constituem verdadeiros desafios para a ação evangelizadora da Igreja. Esses novos areópagos são terreno propício para a presença e atuação dos diáconos permanentes.
            Também o contexto eclesial propõe desafios ao diaconado permanente. O cenário religioso tem sofrido modificações nas últimas décadas. Multiplicação das novas denominações religiosas, a teologia da prosperidade, o crente visto como consumidor ao qual se devem satisfazer as necessidades pessoais, o proselitismo e a competição, o consumismo religioso, a privatização e a des-institucionalização da religião são mudanças que podemos perceber a olho nu e que são constatadas e analisadas pelas ciências sociais. O diácono permanente é convidado a compreender este novo cenário não para acomodar-se nele, mas para buscar transformá-lo a partir de posturas pastorais adequadas.
            Um ano de diaconado permanente na Arquidiocese. Parabéns, diáconos! Somos gratos a vocês por corresponderem à vocação que Deus lhes concedeu.
*Arcebispo de São Luís

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