Abordaremos a seguir as condições
essenciais do pregador.
Ser pregador implica dois elementos,
um objetivo e outro subjetivo. Expliquemos ambos.
O ministério da pregação não se baseia, em última
instância, nem na ciência teológica, nem na comunidade e na sua aprovação, como
tampouco na fé pessoal do pregador ou na sua capacidade de pregar. A pregação
se fundamenta primariamente na missão e na vocação da Igreja, e,
secundariamente, no carisma do pregador.
Segundo, o elemento subjetivo: a
competência do pregador.
O pregador é um mediador. Entendemos por competência o
conjunto de capacidades que são de se desejar naquele que desempenhará a tarefa
da pregação[1].
Quais são essas capacidades e
competências?
Primeiro, a competência jurídica. O
pano de fundo deste conceito é a organização social, o sistema social de
distribuição do trabalho, em que há diferentes papéis e correspondentes
incumbências a ser respeitadas. O pregador sagrado tem a competência jurídica,
um cargo pastoral, uma missão canônica, uma nomeação como representante da
Igreja.
Segundo, a competência profissional.
Competência significa, aqui, o conhecimento de certa ciência ou matéria, a
especialização ou aptidão no tema a ser desenvolvido. O pregador sagrado deve
ter esta competência profissional, deve conhecer a tradição cristã e, a partir
da interpretação da Sagrada Escritura, saber iluminar as situações humanas.
Terceiro, a competência
comunicativa. Pressupõe uma competência pessoal. Significa que o pregador tem
que estar repleto de Deus para transmiti-lo ao povo cristão. Quem mais pleno
estiver de Deus, mais o comunicará.
Depois de ver as condições do
pregador, vejamos agora as dimensões da formação homilética no pregador.
Primeiro, a dimensão intelectual. “O
fundamento da eloquência”, afirma o célebre orador romano Cícero, como o de
qualquer outra cosa, “é a sabedoria”. O que o orador latino chama de
“sabedoria” é o que nós poderíamos chamar de “bom senso”. O estudo proporciona
ao pregador os conhecimentos necessários e o familiariza com o estado atual da
pesquisa teológica. É o que chamamos de competência profissional: conhecimento
da tradição da Igreja, da Sagrada Escritura, da teologia, do mundo de hoje,
etc.
Segundo, a dimensão pastoral.
Trata-se de conquistar segurança nos objetivos para com as pessoas confiadas a
mim.
Terceiro, a dimensão humana. A
pregação é pregação para pessoas. Portanto, o pregador tem que se preparar para
esta comunicação com os outros. Será de grande ajuda manter sempre a
proximidade com as pessoas, com simplicidade e humildade, e dialogar com elas
com franqueza e respeito.
Quarto, a dimensão espiritual. Esta
é a dimensão que dá profundidade às outras. A dimensão espiritual implica ver
tudo com os olhos de Deus e dar respostas a partir de Deus para todas as
situações e problemas pessoais e comunitários.
[1]
São Tomás recopila as várias imagens com que a Escritura designa o pregador: “O
apóstolo denomina com diversos nomes o ofício do pregador, posto que o chama,
em primeiro lugar, de soldado, pois ele defende a Igreja contra os
inimigos; em segundo lugar, vinhateiro, já que poda os sarmentos supérfluos;
também pastor, pois apascenta os súditos com o bom exemplo; boi, porque em tudo
deve proceder com gravidade; arador, posto que tem de abrir os corações à fé e
à penitência; (…) arquiteto do templo, dado que há de construir e reparar o
edifício da Igreja; e, finalmente, ministro do altar, pois há de desempenhar um
ofício grato a Deus” (In I ad Cor., c. 9, leit. 1).
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