O Blog CMliturgo
(diac. Carlos Ericeira), visando um maior aprofundamento e conhecimentos dos
documentos da Igreja, traz aos irmãos um
trabalho desenvolvido pela Arquidiocese de Campinas. Colabore fazendo a transmissão deste conhecimento, promova encontros de estudo,
acompanhe o cronograma das atividades do blog e a
edição das próximas Fichas de Estudos do DOC. 104 da CNBB
Estou aguardando o seu comentário!
FICHA DE ESTUDO I
COMUNIDADE DE COMUNIDADES:
UMA NOVA PARÓQUIA (I)
Perspectiva Bíblica
O texto de Estudos da
CNBB, nº 104, “Comunidade de Comunidades: Uma nova Paróquia”,
apresentado em quatro capítulos, tem a finalidade de promover a reflexão sobre
a renovação das paróquias, diante das mudanças que estamos vivendo, para que
elas se tornem uma Igreja em permanente estado de Missão. Espera-se, por meio
dele, que as dioceses apresentem sugestões complementares, que posteriormente
serão avaliadas pelos bispos e encaminhadas para a votação final na Assembleia
da CNBB, em 2014, quando então deverá se transformar em um documento norteador
para as paróquias.
Nesta Ficha será desenvolvido o Capítulo 1: Perspectiva Bíblica, que destaca a importância da Palavra de Deus na vida da
comunidade e na vida do discípulo missionário. A Constituição Dogmática Constituição Dogmática Dei
Verbum e a Exortação Apostólica pós-sinodal Verbum Domini ressaltam que
a Palavra de Deus ilumina, na comunidade, a realidade que o discípulo é chamado
a transformar, para que a paróquia seja de fato
presença viva de Jesus Cristo em meio às pessoas, às famílias e à sociedade.
Eis alguns elementos bíblicos que iluminam os desafios de transformar a
paróquia em verdadeira escola de comunhão, em “comunidade de comunidades”:
1- Recuperar a comunidade. Segundo o texto, não é de hoje que a tendência ao
isolamento atinge as pessoas, as famílias e a comunidade, que muitas vezes se
fecham à realidade e aos apelos para uma vida em sociedade. No seu tempo, Jesus
ensinou que a comunidade deveria ser exemplo da bondade, do amor e da
misericórdia, como expressão da grande família dos filhos de Deus,
principalmente às pequenas famílias e às pessoas sozinhas e indefesas. Para
Jesus, a comunidade é um dos muitos sinais do Reino de Deus em meio a uma
sociedade egoísta e fechada. Ainda hoje, em tempos de forte apelo ao
individualismo, ao hedonismo e ao materialismo, onde as pessoas vivem no
anonimato, a paróquia é chamada a recuperar seu sentido de comunidade, como
lugar de acolhida a todos os que a procuram, incentivando o diálogo, o contato
humano e à fraternidade.
2- A nova experiência de Deus: o Abbá. Jesus testemunhava uma grande intimidade com o Pai (Jo
14,9) pela oração, nas reuniões na sinagoga, pelo seu jeito de ser e de viver,
de acolher as pessoas e de revelar o seu amor. Era o retrato vivo de Deus, o
portador da Boa Nova para todos os seres humanos, sobretudo para os pobres, e é
esta experiência que a paróquia deve propiciar ao povo.
3- A missão do Messias, como servo de Deus, “que não veio para ser servido, mas
para servir e dar a vida em resgate de muitos” (Mc 10,45). Jesus revela-se como
o Messias que realiza as esperanças dos pobres, fazendo justiça aos oprimidos,
dando pão aos famintos, libertando os prisioneiros, abrindo os olhos dos cegos,
endireitando os curvados, acolhendo os justos e os pecadores, protegendo os
estrangeiros, sustentando o órfão e a viúva, e permanecendo fiel à missão de
servo. Da mesma forma a comunidade paroquial deve ser servidora do povo. Esta é
a sua vocação!
4- A novidade do Reino. Da relação entre Cristo e os seus discípulos surge uma
nova proposta de vida, que precisa ser acolhida pela humanidade. No
relacionamento entre homem e mulher, o máximo de igualdade (Mt 19,7-12); entre
os discípulos, o máximo de partilha (Mc 10,28); com os pequenos e excluídos, o
máximo de acolhida (Mc 9,41-50); com os bens materiais, o máximo de abnegação
(Mc 10,17); com relação ao poder, o exercício do serviço (Lc 22,25-26); com
relação ao perdão, a comunidade situa-se como o lugar de perdão e de
reconciliação e não de mútua condenação. Eis a prática social que se espera de
cada discípulo e da comunidade inteira.
5- Um novo estilo de vida comunitária. O Reino implica em uma nova maneira de viver e de
conviver, por isso, Jesus deu quatro recomendações para a vida comunitária:
hospitalidade (Lc 9,4; 10,5-6), partilha (Lc 10,7), comunhão (Lc 10,8) e
acolhida (Mt 10,8). Atendidas estas recomendações, pode-se proclamar que “O
Reino Chegou!” (Mc 6,7,13). Estes são os sinais que indicam o quanto a
comunidade paroquial é sinal do Reino.
6- O novo modo de ser pastor. Jesus vai ao encontro das pessoas onde elas estão e propõe
um caminho de vida (Mt 11,28); não exclui ninguém; supera as barreiras de sexo,
religião, etnia e de classe; não se fecha dentro de sua própria cultura;
reconhece as coisas boas que existem em todas as pessoas, por isso, se
apresenta como o Bom Pastor (Jo 10,11). Ele é o modelo de pastoral para toda
paróquia e comunidade: acolhe, ensina, cuida, guia, promove a comunhão na fé,
na esperança e no amor, e se aproxima também dos irmãos de outras tradições.
7- O ensinamento novo. Jesus ensinava de forma simples e direta, com palavras
voltadas ao cotidiano das pessoas, fazendo-as participarem da descoberta da
verdade. Sua vida era o testemunho do que ensinava, por isso, o povo percebeu
„um ensinamento novo, e com autoridade‟ (Mc 1,27). O testemunho deve ser a
primeira ação da Evangelização nas paróquias.
8- A nova Páscoa. Na Páscoa de Jesus, a morte foi vencida. A nova
comunidade, reunida pelo Ressuscitado, é a expressão e o anúncio de uma nova e
eterna aliança selada na nova Páscoa. Ela promove o perdão dos pecados para
reconciliar o mundo com Cristo e expandir a mensagem da Boa Nova a toda
humanidade. “Todo aquele que nele crer não morrerá, mas terá a vida eterna” (Jo
10, 3,36). Toda paróquia deve ser geradora de vida humana, vida de fé e esperança.
9- Pentecostes: o novo Povo de Deus. O poder do Espírito Santo, recebido no dia de Pentecostes
(At 2), que realiza nos corações a condição para que alguém se torne seguidor
de Jesus Cristo, concede diversos carismas que acompanham o verdadeiro anúncio
evangélico, e guia as decisões da Igreja para ser uma comunidade
evangelizadora. Na paróquia todos são responsáveis: padres e leigos têm a mesma
importância; sobretudo quando aceita a colaboração de cada um, de modo a dar
oportunidade para todos.
10- A nova comunidade cristã. A inspiração para toda comunidade cristã parte de quatro
colunas básicas: a) Perseverança em ouvir o ensinamento dos apóstolos (1Ts
2,13); b) A Comunhão fraterna (Gl 3,28; Cl 3,11; 1Cor 12,13), c) A fração do
pão (Eucaristia) (Lc 24,30-35); d) As orações (At 5,12b). São esses gestos que
tornam a comunidade cada vez mais apaixonada pelo Deus de Jesus Cristo e pela
sua proposta de vida.
11- A missão. Os discípulos de Jesus são reconhecidos por viverem em comunhão
(Jo 13,34), tornando-se testemunhas pascais que recebem o mandato missionário
para realizar pregações, curas e formar comunidades. A mística desta comunhão
deve ser o grande ideal de uma paróquia.
12- A nova esperança: a comunidade eterna. A esperança no Reino de Deus, anunciado por Cristo,
desperta nos cristãos o compromisso de trabalhar por um mundo melhor e esperar
a plena realização dos novos céus e da nova terra (2Pd 3,13), onde Deus será
tudo em todos. Cada comunidade cristã deve ser testemunha e anunciadora desta
realidade futura, atualizando, através dos séculos, a mensagem de esperança de
Cristo. Eis o agir em comunidade!
Para criar a convicção e uma cultura de Comunidade de
Comunidades é preciso que surja uma nova forma da paróquia ser e de se
organizar. Ela deve expressar a comunhão de pequenos grupos e comunidades que
buscam a fidelidade ao projeto de Jesus através da atualidade da Palavra de
Deus e da adesão ao Reino, ao mundo novo, ao novo estado de coisas, à nova
maneira de ser, de viver, de estar junto com os outros, que o Evangelho
inaugura. Para esta renovação, a Igreja precisa cuidar do amadurecimento da fé
de seus membros, principalmente através da formação bíblica, que deve ser
permanente. É a formação que fortalece a fé e a vida comunitária, para que ela
seja sinal e instrumento do Reino, afinal, evangelizar é também uma tarefa
comunitária.
Para Refletir:
11) Qual a importância da Palavra de Deus na vida do
Discípulos Missionário e na Missão?
22) Você considera que a formação cristã oferecida pela
Paróquia/Comunidade deve ser mantida como está? Por quê?
33) O que se pode propor como novidade ou aprimoramento para
transformar a paróquia numa verdadeira escola de comunhão: Comunidade de
Comunidades?
FONTE: avf@arquidiocesecampinas.com - O texto das fichas de estudo está publicado
no site: Ambiente Virtual de Formação: Igreja em Rede http://www.ambientevirtual.org.br/fichas-de-estudo/comunidade-de-comunidades-uma-nova-paroquia-i-perspectiva-biblica
onde você poderá fazer o download em
PDF.
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