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terça-feira, 31 de dezembro de 2013

COMUNIDADE DE COMUNIDADES: UMA NOVA PARÓQUIA (III)

O Blog CMliturgo (diac. Carlos Ericeira), visando um maior aprofundamento e conhecimentos dos documentos da Igreja, traz aos irmãos um trabalho desenvolvido pela Arquidiocese de Campinas.  Colabore fazendo a transmissão deste conhecimento, promova encontros de estudo,acompanhe o cronograma das atividades do blog e a edição das próximas Fichas de Estudos do DOC. 104 da CNBB. Agora editamos a ficha 3 e em breve para concluir colocaremos a 4ª ficha não esqueça de interagir, pois: 
Estou aguardando o seu comentário!

FICHA DE ESTUDO III

COMUNIDADE DE COMUNIDADES: UMA NOVA PARÓQUIA (III)

Novos Contextos: Desafios à Paróquia

Dando continuidade ao Estudo 104: Comunidade de Comunidades, uma Nova Paróquia, esta ficha aborda o seu Capitulo III – Novos Contextos: Desafios à Paróquia. Ela reflete a urgência de renovação da paróquia, decorrente das mudanças sociais que ocorrem no mundo e que repercutem diretamente na vida eclesial, especialmente na forma de conduzir a sua ação Evangelizadora. O Concílio Vaticano II propôs o ‘aggiornamento’ ou a atualização da Igreja para que sua ação pastoral e evangelizadora fosse eficaz. Especialmente a Constituição Pastoral Gaudium et Spes destacou que a comunidade dos cristãos deveria assumir, como seus, os sentimentos da humanidade (angustia, tristeza, alegria e esperança), e afirmar que a alegria e a esperança nascem da fé no Cristo. Todas as Conferências Episcopais Latino-Americanas assumiram tal propósito e, especialmente, Aparecida indicou que o desafio de tornar a Igreja mais missionária, depende intrinsecamente da renovação das estruturas eclesiais. Por sua vez, a CNBB assumiu integralmente aquelas propostas e as explicitou nas DGAE de 2011-15, da qual decorre o Estudo 104.
O segundo capítulo das DGAE, “Marcas do nosso tempo”, indica que, enquanto a sociedade acentuou o individualismo, o relativismo cultural, o fundamentalismo, o consumismo, a exclusão social, a desagregação familiar, a violência etc., que comprometem a dignidade e os valores humanos, muitas paróquias e comunidades, apesar de promoverem várias atividades pastorais, não se empenham para assumir a missão que exige o Evangelho. Neste modelo de paróquia predominam as práticas pastorais tradicionais que se resumem na oferta de serviços religiosos aos
fiéis que vêm procurar a Igreja, dando origem à expressão ‘pastoral de manutenção’, pois, continuam fazendo tudo como sempre fizeram, apesar das mudanças sociais. Não obstante, há comunidades e paróquias dinâmicas e missionárias que estão buscando formas de ser Igreja viva e atuante, promovendo o envolvimento de todos, sendo solidária, onde predomina a eclesiologia de comunhão e a participação. Apesar disso, se constata que, mesmo nestas comunidades, a estrutura paroquial ainda não consegue responder às exigências do tempo moderno, e isto reclama mudanças que não são fáceis de serem implantadas, mas que são extremamente necessárias.
Neste capítulo, o Estudo 104, aponta para três âmbitos ou realidades que a Igreja precisa considerar em sua ação Evangelizadora: a pessoa, a comunidade e a sociedade, os quais, por sua vez, exigem a renovação paroquial.

1.    Desafios no âmbito da Pessoa

Um dos maiores desafios eclesiais, na atualidade, é o individualismo, o qual atinge também as comunidades cristãs. Grande é o número de católicos que nutrem uma concepção espiritual individualista, subjetivista, intimista e vertical, que dispensa a experiência comunitária, que é a base fundante da Igreja. Este intimismo religioso desvincula a pessoa do grupo social, privando-a do convívio com outras pessoas, o que por sua vez contribui para uma cultura da solidão em que cada pessoa se basta ou, no máximo, busca os que lhe são afins. Nesta concepção, o outro, enquanto diferente, de outra cultura, é visto como concorrente e/ou um empecilho para o sucesso/felicidade pessoal. Esta mentalidade individualista também atinge a família, a primeira célula social e eclesial, que se vê questionada na sua função de transmissão e manutenção dos valores sociais. A busca pelos bens de consumo e pela suposta qualidade de vida tem diminuído o 2 
número de filhos, especialmente nos casos de filhos únicos, que ‘educados’ sozinhos e sem referência social podem se tornar extremamente egoístas e individualistas. Cabe à Igreja recuperar a ideia da comunidade como espaço de acolhida daqueles que se sentem jogados à margem. Acolher a pessoa é o mandamento de Jesus.

2.    Desafios no âmbito da comunidade

Os novos contextos sociais da modernidade colocam os seguintes desafios à comunidade: a territorialidade, as estruturas obsoletas na pastoral, o relativismo e o fundamentalismo.
a) A nova territorialidade. As grandes cidades, os diversos meios de comunicação e interesses sociais fizeram surgir novas formas de articulação social. Também na Igreja, a paróquia ou a comunidade sempre foram vistas como espaços geográficos, onde cada pessoa se vinculava à comunidade ou paróquia do seu bairro ou região. Com os novos contextos sociais, o espaço paroquial deixou de ser a única possibilidade de pertença eclesial para dar lugar a novas formas de grupos onde acontece a experiência do encontro com Jesus, mediatizada pela comunidade eclesial na vivência fraterna. Assim, se fala de uma nova definição de comunidade, que alguns chamam de ambiental, onde se constrói novos vínculos afetivos e religiosos.
b) Estruturas obsoletas na pastoral. A realidade urbana pede a revitalização e renovação das estruturas. O anonimato imposto às pessoas nas grandes cidades exige da Igreja a acolhida aos fiéis. A Igreja é a casa de Deus e do seu povo. Ela é lugar de encontro dos irmãos, que assumem o cuidado dos menores e dos que sofrem. O Papa Francisco insiste que a Igreja não é uma ONG ou um organismo assistencial, mas um lugar de encontro dos que professam fé. Os ministros, padres
e os coordenadores das comunidades, não são administradores de patrimônio e das finanças, mas animadores da vida comunitária. Portanto, renovar as estruturas, implica em perceber que as pessoas não buscam a Igreja apenas para os sacramentos e os serviços pastorais. Elas são como ovelhas errantes que precisam ser cuidadas e curadas. Suas almas estão machucadas, doentes, sozinhas e violentadas. As reformas nas estruturas precisam atingir a vida da comunidade a ponto de renová-la interiormente, e não apenas como se mudasse a cor das paredes da Igreja.
c) Entre o relativismo e o fundamentalismo. O terceiro desafio da comunidade está em duas posições antagônicas na sociedade, as quais também se fazem presente na comunidade eclesial: o relativismo e o fundamentalismo. Ambos derivam do individualismo, sendo expressões do egoísmo. O primeiro esvazia todo absolutismo, mas, ao mesmo tempo, torna tudo fluído e sem consistência, onde tudo pode, tudo é certo, tudo é decidido pela consciência pessoal que se torna o único critério de decisão. Na vida de comunidade, isto provoca o desenraizamento e o fechamento em relação aos valores comunitários, à doutrina e dogmas de fé. Inexiste o compromisso ético que deriva do apelo do Evangelho. O segundo, absolutiza determinadas práticas e posicionamentos em nome de uma pretensa fidelidade à religião, mas que na verdade, são posições extremamente excludentes, pois não aceita quem pensa diferente. Defendem-se modelos eclesiais como se fossem ideologias, esquecendo-se de que a Igreja, sendo comunhão de diferentes, deve ter como fundamento apenas o Evangelho de Jesus.




3.    Desafios no âmbito da Sociedade.

O terceiro âmbito que exige a renovação da Igreja são os desafios presentes na Sociedade. A Igreja é um organismo vivo da sociedade e seus membros são chamados a dar as razões da fé (1Pe 3,15).
a) Sociedade pós-cristã. Se os princípios modernos definiram a secularização dos Estados, também é verdade que os cristãos não podem se omitir de participar da vida pública. O Vaticano II definiu na LG, que o Povo de Deus tem a vocação de defender a vida e a dignidade humana em função da fé em Jesus Cristo. Dizer não ao individualismo, ao materialismo, ao consumismo da sociedade é imperativo da fé, e as comunidades e paróquias devem promover tais valores. Em todo ser humano há uma busca pela razão da vida, e isto deve ser valorizado.
b) O pluralismo cultural. A sociedade moderna enaltece as diferentes formas de se viver e pensar. Mas a abertura ao pluralismo não pode ser identificada como indiferença à diversidade. O indiferentismo, como fruto do individualismo, não pode ter a última palavra. Diante desta realidade de anti-reino, a Igreja, que deseja ser presença servidora e solidária, deve se renovar como sinal de constante conversão pastoral ao Evangelho.
4. A Urgência da renovação paroquial. A paróquia é uma realidade eclesial e a Conferência de Aparecida a vê como uma importante célula eclesial. A renovação proposta deve ser vista em função dos apelos do Evangelho de Jesus. Há desafios sociais que pedem uma tomada de posição sociopolítica da comunidade dos cristãos. A vida precisa ser defendida. As grandes cidades desafiam a Igreja, principalmente nas periferias, os aglomerados urbanos exigem criatividade missionária de ir ao encontro do povo que precisa ser evangelizado. De outro lado, há anos, a Igreja identifica vários sinais que revelam a necessidade da renovação: a diminuição de católicos, a existência de muitas comunidades sem eucaristia, a redução de pessoas que buscam os sacramentos, as poucas crismas e a falta de vocações para a vida presbiteral e religiosa. Em muitas comunidades e paróquias parece haver um esfriamento na fé, há uma crise do sentimento de pertença à comunidade e no engajamento na paróquia.
Os novos contextos provocam a Igreja. Identificam-se desafios externos e internos. De fora, os ventos são de individualismo, relativismo, fundamentalismo, do pluralismo e das mudanças familiares. De dentro, é desafiada a pôr em prática a conversão pastoral, a ultrapassar a territorialidade e a romper as estruturas obsoletas da evangelização, abandonando a mera pastoral de manutenção e implantando uma pastoral realmente missionária. Este capítulo propõe uma profunda reflexão por conta dos desafios deste mundo em mudança, e de limitações internas e resistências a modelos de paróquias, que já não são mais adequados para este tempo, por isso oportunidade de conscientização, ação e transformação em vista de uma renovação. Eis a razões pelas quais as estruturas eclesiais e, especialmente, as paroquiais precisam ser renovadas.

Esta ficha foi publicada três dias depois da publicação oficial da Exortação Apostólica Evangelli Gaudium. Trata-se de um belo texto que destaca a alegria como característica fundamental da Evangelização. É um programa pastoral para a Igreja que deseja ser presença de Cristo no mundo. Sugerimos a leitura, especialmente o capitulo 1 - A Transformação Missionária da Igreja.

Para Refletir:

1) Qual dos três âmbitos da Evangelização você julga mais desafiador e por quê?
2) Que mudanças você considera necessárias ou mais importantes para a renovação das paróquias?

3) Como viver a proposta cristã no âmbito pessoal, comunitário e social? 

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