Reflexões do pe. Wladimir Porreca, assessor Nacional da Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família
Educar pela presença e
testemunho[1]. Todo processo de relacionamento humano é portador de um
grande bem encontrado e partilhado. Mas nenhum se iguala ao bem transmitido
pelo testemunho. Em especial o testemunho dos pais comunicado aos filhos, pelo
testemunho da espontaneidade, gratuidade, reciprocidade, do relacionamento
marido e esposa, de trabalho em prol do bem da família, da prática da fé e
outros.
Os pais pelas suas próprias presenças ao
comunicarem a própria experiência aos filhos provocam-nos na própria liberdade,
motivando-os para que também eles procurem e encontrem o bem maior da vida,
aquilo que dá razão a todos os sacrifícios e a todas as esperanças. Assim, os
filhos podem verificar a verdade daquilo que os pais propõem a eles.
A presença de vida e fé dos pais no
cotidiano da vida dos filhos é o maior dom, a maior herança, o contributo mais
eficaz e eficiente que um pai ou mãe pode oferecer para os filhos. Mais que dar
ou proporcionar coisas, os filhos desejam a presença dos pais em tudo o que
lhes acontece. A presença dos pais é um elemento decisivo e condicionante para
a felicidade e realização dos filhos, que se infunde no coração dos filhos e
que nada poderá apagar.
A criança é como uma “esponja” que, quase
sem dar-se conta, absorve modos de ser e de pensar, modos de relacionar-se com
tudo, a partir do ambiente no qual está inserido, especialmente nos primeiros
anos de vida, que são os mais decisivos, inclusive de um ponto de vista
psicológico.
Mesmo que o tempo que um pai ou uma mãe têm
para dedicar ao seu filho(a) seja reduzido por causa de seu trabalho, o mínimo
que é transmitido de valores e conduta tem uma “ força” muito maior que aquilo
que o (a) catequista ou a (o) professor (a) de religião possa dizer à criança a
respeito do valor da vida, da fé e da religião. São momentos preciosos para
enraizar na criança a certeza de um relacionamento com Deus, com Jesus, que é
decisivo para a vida e que não depende do estado de ânimo.
Quando os pais se tornam incertos a
respeito de sua própria experiência, duvidosos quanto à fé, perplexos diante da
tradição da Igreja que, possivelmente julgam com os mesmos critérios dos meios
de comunicação, então, serão incapazes de indicar um caminho certo para os
filhos e deixarão vazio um espaço que outros preencherão, segundo os seus
próprios interesses.
Quando o adulto não tem, ou mesmo não
comunica uma percepção positiva da vida e da fé, fundada sobre a experiência
que vive com sua família, deixa o (a) filho (a) num pântano ou nas areias
movediças desta cultura relativista e fragmentada e omite indicar onde estão as
pedras sobre as quais pôr os pés para um caminho que conduza para fora do
pântano.
Pode acontecer que muitos pais encontrem
dificuldades para fazer crescer e educar a geração de jovens. Argumentando que
são frutos de uma geração que viveu experiências frágeis e incertas que parece
não ter nada a comunicar.
Na confusão própria do nosso tempo, é
importante lembrar aos pais a sabedoria com a qual o próprio Criador dotou a
todos o gênero humano para explicar o significado da vida e da morte, do bem e
do mal, da alegria e da dor, do trabalho e da amizade, do sacrifício e da
esperança. E ainda, fazer memória que juntamente com a ordem do “Crescei e
multiplicai e dominai a terra” existe uma presença que os confere uma graça de
estado que os acompanha nos diversos desafios que a vida lhes impõe.
Como
sugestão para educar os filhos na fé é a Catequese Familiar, onde os pais são
capacitados pela Comunidade Paroquial a educarem seus filhos na fé e a
realizarem na Comunidade a partilha e acolhimento de outras experiências.
Uma experiência que deu certo foi certo,
entre tantas, foi na Paróquia Santa Cruz, em Santa Cruz das Palmeiras-SP, onde
os pais eram reunidos para um encontro de formação e um outro encontro de
partilha e as crianças e adolescentes com outros adolescentes ( dimensão
comunitária) para a partilha e integração. E ambos, pais e filhos, animados
para participarem e organizarem as celebrações litúrgicas e atuarem nas
pastorais e movimentos.
Viva
a Catequese Familiar!
Pe. Wladimir Porreca
Diocese de São João da
Boa Vista – SP
Assessor Nacional para a
Vida e a Família - CNBB
[1] Baseado
em: PETRINI, J.C. Família e Educação Religiosa das Crianças. Escola de Família
– Subsídio 3. Salvador, 2008.
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