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quinta-feira, 13 de junho de 2013

FORMAÇÃO - A ORIGEM DA IGREJA E DA LITURGIA

Sendo a Liturgia, como disse o Concílio Vaticano II em sua Constituição sobre a Liturgia, Sacrosanctum Concilium, cume e fonte da ação da Igreja, não se pode imaginar Igreja sem Liturgia, nem Liturgia sem Igreja. Por conseguinte, as origens da Igreja e da Liturgia devem coincidir: Quando nasceu a Igreja, deve ter nascido também a Liturgia. É isso que o Vaticano II diz, repetindo assim palavras de santo Agostinho: “Do lado aberto de Cristo dormindo na cruz nasceu o admirável sacramento de toda a Igreja” (SC 5). Assim o Concílio se refere evidentemente ao relato do evangelista são João sobre a morte de Jesus. Para dizer que Jesus morreu ele escreveu: “Entregou o espírito” (Jo 19,30). Muitos dos santos padres da Igreja viam nestas palavras do evangelista ainda uma segunda afirmação, a saber, que Jesus entregou, na hora da sua morte, o Espírito Santo. Esta interpretação tem bons fundamentos no contexto do quarto evangelho.
Como lemos no sétimo capítulo do evangelho de são João, na festa do templo Jesus anunciou água viva. O evangelho explica que Jesus estava falando do Espírito, que ainda não havia, porque Jesus não fora glorificado (Jo 7,37). A glorificação de Jesus, no entanto, coincide para são João com a exaltação do Filho do Homem na cruz (cf. Jo 3,14s). Na base desta interpretação compreende-se bem por que o Ressuscitado, na tarde do dia da ressurreição , “soprou sobre os apóstolos e lhes disse: Recebei o Espírito Santo’ “ (Jo 20, 22). Páscoa e Pentecostes coincidem para o evangelista são João.
Mas devemos dar um passo a mais. Em antigas e recentes representações iconográficas da morte de Jesus ilustra-se a abertura do seu lado pela lança, apresentando uma figura feminina debaixo da cruz, com um cálice nas mãos, e para dentre deste cálice jorram o sangue e a água. Os padres da Igreja interpretam a abertura do lado de Jesus também como o derramamento do Espírito Santo, vendo na mulher com o cálice a Igreja, e na água e no sangue os sacramentos do batismo e da eucaristia. Como lemos na Sacrosanctum Concilium, em santo Agostinho e em muitos outros padres da Igreja, este derramamento do Espírito é o nascimento da Igreja como sacramento universal da salvação, do qual os sete sacramentos, também os sacramentais e outras celebrações litúrgicas, são como que um desdobramento. Por isso podemos afirmar que a Igreja e a Liturgia nasceram na morte de Jesus do seu coração.
Já que estamos falando em nascimento da Igreja, parece conveniente completar esta visão do quarto evangelho pelo evangelho de são Mateus, no qual podemos ver como a Igreja foi concebida. Lemos neste evangelho, no fim do capítulo 9, que Jesus, percorrendo as cidades e os povoados, ensinando o evangelho do Reino, e curando toda sorte de doenças e enfermidades, “ao ver a multidão teve compaixão dela, porque estava cansada e abatida, como ovelhas sem pastor”. Então ele pediu aos discípulos que rezassem, para que o Senhor enviasse operários à messe. Mas também, e acima de tudo, ele chamou os doze e “deu-lhes autoridade de expulsar os espíritos imundos e de curar toda sorte de males e enfermidades” (Mt 9,35-10,1). Estes doze são, evidentemente o núcleo da futura Igreja. Não será permitido entender este texto no sentido de que a Igreja foi concebida pela compaixão de Jesus, no seu coração compassivo? Podemos assim, agora, concluir que são João e são Mateus têm visões da origem da Igreja que bem se completam.
E são Lucas, embora descrevendo a origem da Igreja de modo diferente, não discorda de são João e são Mateus sobre sua origem por força do Espírito Santo e do coração de Jesus. Para o Concílio Vaticano II são Lucas não contradiz os seus colegas evangelistas, mas por sua vez também os completa, pois em seu artigo 6 a Sacrosanctum Concilium diz que a Igreja “no dia de Pentecostes apareceu ao mundo”.
Na base destes dados bíblicos e das interpretações antigas e mais recentes, não será possível entender a origem da Igreja e da Liturgia em certo paralelismo com a vinda do Filho de Deus ao mundo? Celebramos festas solenes para comemorar a concepção, o nascimento e a epifania de Jesus. Da Igreja não celebramos uma festa de sua concepção, mas podemos bem comemorar o seu nascimento na páscoa e sua epifania em pentecostes.

Perguntas para reflexão individual ou em grupo:
1.      Que relação você(s) vê(em) entre Igreja e Liturgia?
2.      Como você(s) entende(m) com a SC, na base do quarto evangelho e das interpretações dos padres da Igreja, a origem da Igreja e da Liturgia? 
3.      O que lhe(s) diz a representação artística de Jesus morto na cruz, de cujo coração aberto jorram sangue e água para dentro de um cálice que uma mulher segura?

4.      O que significa a afirmação da SC de que a Igreja se manifestou no dia de pentecostes?

FONTE: WWW.CNBB.ORG.BR

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