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terça-feira, 31 de dezembro de 2013
COMUNIDADE DE COMUNIDADES: UMA NOVA PARÓQUIA (III)
O Blog CMliturgo (diac. Carlos Ericeira), visando um maior aprofundamento e conhecimentos dos documentos da Igreja, traz aos irmãos um trabalho desenvolvido pela Arquidiocese de Campinas. Colabore fazendo a transmissão deste conhecimento, promova encontros de estudo,acompanhe o cronograma das atividades do blog e a edição das próximas Fichas de Estudos do DOC. 104 da CNBB. Agora editamos a ficha 3 e em breve para concluir colocaremos a 4ª ficha não esqueça de interagir, pois:
Estou aguardando o seu comentário!
FICHA DE ESTUDO III
COMUNIDADE DE COMUNIDADES:
UMA NOVA PARÓQUIA (III)
Novos
Contextos: Desafios à Paróquia
O segundo capítulo das DGAE, “Marcas do nosso tempo”,
indica que, enquanto a sociedade acentuou o individualismo, o relativismo
cultural, o fundamentalismo, o consumismo, a exclusão social, a desagregação
familiar, a violência etc., que comprometem a dignidade e os valores humanos,
muitas paróquias e comunidades, apesar de promoverem várias atividades
pastorais, não se empenham para assumir a missão que exige o Evangelho. Neste
modelo de paróquia predominam as práticas pastorais tradicionais que se resumem
na oferta de serviços religiosos aos
fiéis que vêm procurar a Igreja, dando origem à expressão
‘pastoral de manutenção’, pois, continuam fazendo tudo como sempre fizeram,
apesar das mudanças sociais. Não obstante, há comunidades e paróquias dinâmicas
e missionárias que estão buscando formas de ser Igreja viva e atuante,
promovendo o envolvimento de todos, sendo solidária, onde predomina a
eclesiologia de comunhão e a participação. Apesar disso, se constata que, mesmo
nestas comunidades, a estrutura paroquial ainda não consegue responder às
exigências do tempo moderno, e isto reclama mudanças que não são fáceis de
serem implantadas, mas que são extremamente necessárias.
Neste capítulo, o Estudo 104, aponta para três âmbitos ou
realidades que a Igreja precisa considerar em sua ação Evangelizadora: a
pessoa, a comunidade e a sociedade, os quais, por sua vez, exigem a renovação
paroquial.
1.
Desafios no âmbito da Pessoa
Um dos maiores desafios eclesiais, na atualidade, é o
individualismo, o qual atinge também as comunidades cristãs. Grande é o número
de católicos que nutrem uma concepção espiritual individualista, subjetivista,
intimista e vertical, que dispensa a experiência comunitária, que é a base
fundante da Igreja. Este intimismo religioso desvincula a pessoa do grupo
social, privando-a do convívio com outras pessoas, o que por sua vez contribui
para uma cultura da solidão em que cada pessoa se basta ou, no máximo, busca os
que lhe são afins. Nesta concepção, o outro, enquanto diferente, de outra
cultura, é visto como concorrente e/ou um empecilho para o sucesso/felicidade
pessoal. Esta mentalidade individualista também atinge a família, a primeira
célula social e eclesial, que se vê questionada na sua função de transmissão e
manutenção dos valores sociais. A busca pelos bens de consumo e pela suposta
qualidade de vida tem diminuído o 2
número de filhos, especialmente nos casos de filhos
únicos, que ‘educados’ sozinhos e sem referência social podem se tornar
extremamente egoístas e individualistas. Cabe à Igreja recuperar a ideia da
comunidade como espaço de acolhida daqueles que se sentem jogados à margem.
Acolher a pessoa é o mandamento de Jesus.
2.
Desafios no âmbito da comunidade
Os novos contextos sociais da modernidade colocam os
seguintes desafios à comunidade: a territorialidade, as estruturas obsoletas na
pastoral, o relativismo e o fundamentalismo.
a) A nova territorialidade. As grandes cidades, os
diversos meios de comunicação e interesses sociais fizeram surgir novas formas
de articulação social. Também na Igreja, a paróquia ou a comunidade sempre
foram vistas como espaços geográficos, onde cada pessoa se vinculava à comunidade
ou paróquia do seu bairro ou região. Com os novos contextos sociais, o espaço
paroquial deixou de ser a única possibilidade de pertença eclesial para dar
lugar a novas formas de grupos onde acontece a experiência do encontro com
Jesus, mediatizada pela comunidade eclesial na vivência fraterna. Assim, se
fala de uma nova definição de comunidade, que alguns chamam de ambiental, onde
se constrói novos vínculos afetivos e religiosos.
b) Estruturas obsoletas na pastoral. A realidade urbana
pede a revitalização e renovação das estruturas. O anonimato imposto às pessoas
nas grandes cidades exige da Igreja a acolhida aos fiéis. A Igreja é a casa de
Deus e do seu povo. Ela é lugar de encontro dos irmãos, que assumem o cuidado
dos menores e dos que sofrem. O Papa Francisco insiste que a Igreja não é uma
ONG ou um organismo assistencial, mas um lugar de encontro dos que professam
fé. Os ministros, padres
e os coordenadores das comunidades, não são
administradores de patrimônio e das finanças, mas animadores da vida
comunitária. Portanto, renovar as estruturas, implica em perceber que as
pessoas não buscam a Igreja apenas para os sacramentos e os serviços pastorais.
Elas são como ovelhas errantes que precisam ser cuidadas e curadas. Suas almas
estão machucadas, doentes, sozinhas e violentadas. As reformas nas estruturas
precisam atingir a vida da comunidade a ponto de renová-la interiormente, e não
apenas como se mudasse a cor das paredes da Igreja.
c) Entre o relativismo e o fundamentalismo. O terceiro
desafio da comunidade está em duas posições antagônicas na sociedade, as quais
também se fazem presente na comunidade eclesial: o relativismo e o
fundamentalismo. Ambos derivam do individualismo, sendo expressões do egoísmo.
O primeiro esvazia todo absolutismo, mas, ao mesmo tempo, torna tudo fluído e
sem consistência, onde tudo pode, tudo é certo, tudo é decidido pela
consciência pessoal que se torna o único critério de decisão. Na vida de
comunidade, isto provoca o desenraizamento e o fechamento em relação aos
valores comunitários, à doutrina e dogmas de fé. Inexiste o compromisso ético
que deriva do apelo do Evangelho. O segundo, absolutiza determinadas práticas e
posicionamentos em nome de uma pretensa fidelidade à religião, mas que na
verdade, são posições extremamente excludentes, pois não aceita quem pensa
diferente. Defendem-se modelos eclesiais como se fossem ideologias,
esquecendo-se de que a Igreja, sendo comunhão de diferentes, deve ter como
fundamento apenas o Evangelho de Jesus.
3. Desafios no
âmbito da Sociedade.
O terceiro âmbito que exige a renovação da Igreja são os
desafios presentes na Sociedade. A Igreja é um organismo vivo da sociedade e
seus membros são chamados a dar as razões da fé (1Pe 3,15).
a) Sociedade pós-cristã. Se os princípios modernos
definiram a secularização dos Estados, também é verdade que os cristãos não
podem se omitir de participar da vida pública. O Vaticano II definiu na LG, que
o Povo de Deus tem a vocação de defender a vida e a dignidade humana em função
da fé em Jesus Cristo. Dizer não ao individualismo, ao materialismo, ao
consumismo da sociedade é imperativo da fé, e as comunidades e paróquias devem
promover tais valores. Em todo ser humano há uma busca pela razão da vida, e
isto deve ser valorizado.
b) O pluralismo cultural. A sociedade moderna enaltece as
diferentes formas de se viver e pensar. Mas a abertura ao pluralismo não pode
ser identificada como indiferença à diversidade. O indiferentismo, como fruto
do individualismo, não pode ter a última palavra. Diante desta realidade de
anti-reino, a Igreja, que deseja ser presença servidora e solidária, deve se
renovar como sinal de constante conversão pastoral ao Evangelho.
4. A Urgência da renovação paroquial. A paróquia é uma
realidade eclesial e a Conferência de Aparecida a vê como uma importante célula
eclesial. A renovação proposta deve ser vista em função dos apelos do Evangelho
de Jesus. Há desafios sociais que pedem uma tomada de posição sociopolítica da
comunidade dos cristãos. A vida precisa ser defendida. As grandes cidades
desafiam a Igreja, principalmente nas periferias, os aglomerados urbanos exigem
criatividade missionária de ir ao encontro do povo que precisa ser
evangelizado. De outro lado, há anos, a Igreja identifica vários sinais que
revelam a necessidade da renovação: a diminuição de católicos, a existência de
muitas comunidades sem eucaristia, a redução de pessoas que buscam os
sacramentos, as poucas crismas e a falta de vocações para a vida presbiteral e
religiosa. Em muitas comunidades e paróquias parece haver um esfriamento na fé,
há uma crise do sentimento de pertença à comunidade e no engajamento na
paróquia.
Os novos contextos provocam a Igreja. Identificam-se
desafios externos e internos. De fora, os ventos são de individualismo,
relativismo, fundamentalismo, do pluralismo e das mudanças familiares. De
dentro, é desafiada a pôr em prática a conversão pastoral, a ultrapassar a
territorialidade e a romper as estruturas obsoletas da evangelização,
abandonando a mera pastoral de manutenção e implantando uma pastoral realmente
missionária. Este capítulo propõe uma profunda reflexão por conta dos desafios
deste mundo em mudança, e de limitações internas e resistências a modelos de
paróquias, que já não são mais adequados para este tempo, por isso oportunidade
de conscientização, ação e transformação em vista de uma renovação. Eis a
razões pelas quais as estruturas eclesiais e, especialmente, as paroquiais
precisam ser renovadas.
Esta ficha foi publicada três dias depois da publicação
oficial da Exortação Apostólica Evangelli Gaudium. Trata-se de um belo texto
que destaca a alegria como característica fundamental da Evangelização. É um
programa pastoral para a Igreja que deseja ser presença de Cristo no mundo.
Sugerimos a leitura, especialmente o capitulo 1 - A Transformação Missionária
da Igreja.
Para Refletir:
1) Qual dos três âmbitos da Evangelização você julga mais
desafiador e por quê?
2) Que mudanças você considera necessárias ou mais
importantes para a renovação das paróquias?
3) Como viver a proposta cristã no âmbito pessoal,
comunitário e social?
COMUNIDADE DE COMUNIDADES: UMA NOVA PARÓQUIA (II)
O Blog CMliturgo (diac. Carlos Ericeira), visando um maior aprofundamento e conhecimentos dos documentos da Igreja, traz aos irmãos um trabalho desenvolvido pela Arquidiocese de Campinas. Colabore fazendo a transmissão deste conhecimento, promova encontros de estudo,acompanhe o cronograma das atividades do blog e a edição das próximas Fichas de Estudos do DOC. 104 da CNBB. Esta é a 2ª ficha que reflete a perspectiva teológica, para completar este estudo ainda seráo editadas mais 2 fichas.
Estou aguardando o seu comentário!
FICHA DE ESTUDO II
COMUNIDADE DE COMUNIDADES:
UMA NOVA PARÓQUIA (II)
Perspectiva
Teológica
A abordagem desta Ficha recai sobre o Capítulo 2:
Perspectiva Teológica, do Estudo 104 da CNBB - “Comunidade de Comunidades: Uma
nova Paróquia”, que apresenta as concepções teológicas sobre a comunidade e a
paróquia. A ideia principal é resgatar a noção eclesiológica da “Domus
Eclesiae” (Igreja Doméstica) dos tempos apostólicos, onde os cristãos se
reuniam para professar a fé, ouvindo e celebrando a Palavra, vivendo a caridade
e orando, a partir dos ensinamentos de Jesus.
1. A Igreja
Doméstica: No cristianismo nascente, os
discípulos se reuniam nas casas daqueles que os acolhiam para a partilha da
palavra e fração do pão, formando as primeiras comunidades cristãs. Paulo, em
sua peregrinação no Mediterrâneo, formou comunidades cristãs que ele designou
de Igrejas Domésticas. Não eram identificadas pelo prédio ‘igreja’ - como
espaço para o culto - tal qual hoje conhecemos, mas pela existência de grupos
de cristãos que viviam relações
interpessoais da comunhão de fé.
2. O
surgimento das paróquias: Com a centralização
das lideranças em Roma e o crescimento do número de cristãos, a Igreja
Doméstica foi sendo substituída por assembleias cada vez mais numerosas e
anônimas, que celebravam o culto em lugares específicos para esta finalidade. O
reconhecimento do cristianismo como religião oficial, no século IV, fez com que
a Diocese e o Bispo se tornassem as principais referências eclesiais e
responsáveis pela expansão das comunidades dirigidas pelos Presbíteros, numa
estrutura organizacional muito semelhante a que
conhecemos hoje como Paróquia. Durante a Idade Média,
predominaram as catedrais, as igrejas ligadas aos mosteiros e as pequenas
igrejas dos vilarejos nas quais aconteciam as funções religiosas, e a missão se
caracterizava, essencialmente, na construção de novas igrejas para reunir os
cristãos. O Concílio de Trento (séc. XVI) determinou a ereção de novas
Paróquias para atender ao crescimento populacional, segundo o principio da
territorialidade, modelo que, substancialmente, ainda subsiste, e, no período que
antecede a era industrial, a Paróquia abarcava a sociedade local como
comunidade territorial, para atender as famílias. No Código de Direito Canônico
(CDC) de 1917, a Paróquia é definida como a menor circunscrição local, pastoral
e administrativa, porém, no novo CDC (1983), ela é a comunidade de fiéis,
constituída de maneira estável e confiada a um Pároco, como seu pastor.
3. A paróquia
no Concilio Vaticano II: Embora este
Concílio não tenha produzido nenhum texto específico sobre a Paróquia, ele traz
uma importante colocação a partir da Lumen Gentium, sobre ‘A Igreja Particular’
que explicita o seguinte: “Esta Igreja de Cristo está verdadeiramente presente
em todas as legítimas comunidades locais de fiéis, que unidas com seus
pastores, são também elas, no Novo Testamento, chamadas de igrejas”.
A Igreja Particular se caracteriza como porção do Povo de
Deus, e é formada pela interligação das paróquias que a compõem, as quais são
consideradas ‘células da diocese’. No Brasil, como uma nova forma de
organização eclesial, surgiram pequenas comunidades ligadas a uma determinada paróquia,
as quais, entendidas no horizonte da comunhão, todos os que nelas participam
fazem a experiência de ser Igreja com multiplicidade de dons, de carismas e de
ministério, e possuem força profética
num mundo marcado pelo individualismo. Esta comunhão deve ser a característica
principal de todas as formas de organização da vida eclesial. Quando se propõe
uma nova paróquia como comunidade de comunidades, mais do que criar novas
estruturas, trata-se de recuperar as relações interpessoais e de comunhão como
meio de pertença eclesial. Neste sentido, o Concílio Vaticano II aponta para
três direções quanto ao modelo vigente de Paróquia: a passagem do territorial
para o comunitário; do princípio único do pároco para uma comunidade
toda ministerial; e da dimensão cultual para a totalidade
das dimensões da comunhão e da missão da Igreja no mundo.
4. A Renovação
paroquial na América Latina e no Caribe:
Na América Latina, desde Medellín, passando por Puebla e Santo Domingo, o
magistério confirmou a tradição paroquial, recomendando a sua renovação: A
paróquia não é território, nem estrutura, nem edifício, mas é a família de
Deus... que acolhe as angústias e esperanças, anima e orienta a comunhão, a
participação e a missão, como Igreja inserida na sociedade e solidária com suas
aspirações e dificuldades. Ela deve evangelizar, celebrar, fomentar a promoção
humana e fazer progredir a inculturação da fé, e ser uma rede de comunidades.
Aparecida destaca a multiplicação das comunidades e intensificação da pastoral
urbana, e ressalta a contribuição das CEBs. Afirma que não há comunidade com
multidões anônimas na Paróquia, daí a necessidade dela se tornar comunidade de
comunidades, lugar privilegiado onde a maioria dos fiéis tem uma experiência
concreta de Cristo e da comunhão eclesial. As comunidades paroquiais são casas
e escolas de comunhão e devem ser um todo orgânico que envolve os diversos
aspectos da vida, pois como vimos nas DGAE, as paróquias têm um importante
papel na vivência da fé para a maioria dos fiéis (Fichas: 46, 47, 48, 49, 50,
51).
5. A Paróquia
como Casa: Para propor a reflexão sobre a renovação
da paróquia, como comunidade de comunidades, o Estudo 104 resgata a imagem da
‘Igreja como Casa’, onde as pessoas se encontram em comunidade, num ambiente de
vida e aconchego que garante o referencial para o cristão encontrar-se no lar e
prosseguir na estrada de Jesus, e com Ele se deter na casa dos amigos. Hoje há
uma situação de desamparo, falta de pertença e deserto espiritual, que reclama
uma casa de acolhida. Por isso, a necessidade da Paróquia ser essa casa, onde
se
ouve a convocação para que todos sejam um e vivam como
irmãos na família de Deus. Esse é um desafio da Igreja, de recuperar esta
fraternidade das casas, pois relações que não formam vínculos, não criam sentimento de pertença.
A Paróquia, como Casa da Palavra e do discípulo que a
acolhe e pratica, é a Igreja que se define pelo acolhimento do Verbo que
colocou a sua tenda entre os homens. Porém, a Palavra não deve estar presente
apenas na Celebração Eucarística, mas em todo o agir eclesial, principalmente,
como fonte de conhecimento da História da Salvação que precisa ser ensinada a
todo povo de Deus. Portanto, é na Casa da Palavra que o estudo, a formação e a
oração devem ocupar também lugar de destaque.
A Igreja, como Casa do Pão, atrai os que têm fome, e é o
lugar onde os cristãos se nutrem com a Eucaristia, estabelecem as novas
relações que o Evangelho propõe. É fonte da vocação e do seu impulso
missionário que leva a Paróquia a concretizar o seu compromisso social pela
caridade.
Deus fez a sua morada entre os homens; nasceu em Belém, a
“casa do pão”; peregrinou pela Galileia e Judeia; providenciou a Palavra e o
Alimento para os cansados e abatidos. Assim, também, deve ser a Igreja, onde a
comunidade vive da Eucaristia que a une pelo Espírito Santo, em Cristo, para
chegar ao Pai.
A Igreja, como Casa da caridade (ágape), é onde na Palavra
e na Eucaristia, o cristão vive o amor como ágape na relação com Deus. A
amizade é o paradigma de todo relacionamento de Jesus com os discípulos, e de
Deus com a humanidade. Diante do pecado, Deus não se torna inimigo, mas se
revela como o Deus-Conosco, o Emanuel, que, em Jesus Cristo, se faz amigo e
irmão. A Igreja é a comunidade santa porque nela se vive o amor. Deus oferece
aos homens, a filiação adotiva em Cristo, chamando-os à santidade, que é a vida
de união com Ele, com os irmãos e as irmãs, e a criação. A amizade se refere ao
amor e torna-se expressão do ágape, o centro do amor cristão. Quando Deus
convoca a humanidade para derrubar as barreiras que impedem a fraternidade,
esta amizade, amor ágape, é traduzida em compaixão pelos que sofrem.
6. A Paróquia
Hoje: A Paróquia é importante para a
construção da identidade cristã, e é o lugar onde o cristianismo se torna
visível na cultura e na história. Ela está desafiada a se renovar diante das
aceleradas mudanças, inserindo a revisão da ação pastoral de modo geral, em
vista da urgência de uma nova evangelização.
É preciso compreender duas noções de Paróquia: como casa
de acolhida e como comunidade que é lar dos cristãos onde se faz a experiência
de seguir Jesus. Como acolhimento, ela é o espaço para receber pessoas com suas
buscas e vivências, que pretendem seguir o caminho. E enquanto espaço da
comunidade, ela reúne esses cristãos em grupos comprometidos a viverem o
evangelho em comunidade, a partir da fé, em profunda comunhão com Deus e entre
si, numa verdadeira comunhão eclesial que encontra a sua expressão mais
imediata e visível na Paróquia. Embora, por vezes, pobre em pessoas e em meios,
e outras vezes dispersa em territórios vastíssimos ou quase desaparecida no
meio de bairros modernos, populosos e caóticos, a Paróquia é, sobretudo, a família
de Deus, o próprio mistério da Igreja presente e operante nela.
Teologicamente, o fundamento da Paróquia é ser uma
comunidade eucarística que celebra a presença de Cristo, Palavra e Eucaristia,
estabelecendo os vínculos de comunhão entre os seus fiéis, e remete todos à
missão de testemunhar na caridade a verdade professada. Assim, a nova Paróquia,
descrita no Estudo 104 da CNBB, é aquela que se abre aos desafios do século XXI
assumindo, como modelo, a ação de Jesus Cristo: proclamar o ano da graça do
Senhor (Lc 4,18-19).
Para Refletir:
1. Na vivência comunitária atual, vivemos realmente a
proposta cristã original? Qual é a sua realidade?
2. Como a proposta de pequenas comunidades, com ativa
participação ministerial dos cristãos leigos pode ser uma boa perspectiva de
renovação paroquial?
3.
De que modo nós, cristãos do terceiro
milênio, podemos, a partir da comunidade de comunidades, fazer florescer, de
fato, a tão sonhada comunhão?
3.
COMUNIDADE DE COMUNIDADES: UMA NOVA PARÓQUIA (I)
O Blog CMliturgo
(diac. Carlos Ericeira), visando um maior aprofundamento e conhecimentos dos
documentos da Igreja, traz aos irmãos um
trabalho desenvolvido pela Arquidiocese de Campinas. Colabore fazendo a transmissão deste conhecimento, promova encontros de estudo,
acompanhe o cronograma das atividades do blog e a
edição das próximas Fichas de Estudos do DOC. 104 da CNBB
Estou aguardando o seu comentário!
FICHA DE ESTUDO I
COMUNIDADE DE COMUNIDADES:
UMA NOVA PARÓQUIA (I)
Perspectiva Bíblica
O texto de Estudos da
CNBB, nº 104, “Comunidade de Comunidades: Uma nova Paróquia”,
apresentado em quatro capítulos, tem a finalidade de promover a reflexão sobre
a renovação das paróquias, diante das mudanças que estamos vivendo, para que
elas se tornem uma Igreja em permanente estado de Missão. Espera-se, por meio
dele, que as dioceses apresentem sugestões complementares, que posteriormente
serão avaliadas pelos bispos e encaminhadas para a votação final na Assembleia
da CNBB, em 2014, quando então deverá se transformar em um documento norteador
para as paróquias.
Nesta Ficha será desenvolvido o Capítulo 1: Perspectiva Bíblica, que destaca a importância da Palavra de Deus na vida da
comunidade e na vida do discípulo missionário. A Constituição Dogmática Constituição Dogmática Dei
Verbum e a Exortação Apostólica pós-sinodal Verbum Domini ressaltam que
a Palavra de Deus ilumina, na comunidade, a realidade que o discípulo é chamado
a transformar, para que a paróquia seja de fato
presença viva de Jesus Cristo em meio às pessoas, às famílias e à sociedade.
Eis alguns elementos bíblicos que iluminam os desafios de transformar a
paróquia em verdadeira escola de comunhão, em “comunidade de comunidades”:
1- Recuperar a comunidade. Segundo o texto, não é de hoje que a tendência ao
isolamento atinge as pessoas, as famílias e a comunidade, que muitas vezes se
fecham à realidade e aos apelos para uma vida em sociedade. No seu tempo, Jesus
ensinou que a comunidade deveria ser exemplo da bondade, do amor e da
misericórdia, como expressão da grande família dos filhos de Deus,
principalmente às pequenas famílias e às pessoas sozinhas e indefesas. Para
Jesus, a comunidade é um dos muitos sinais do Reino de Deus em meio a uma
sociedade egoísta e fechada. Ainda hoje, em tempos de forte apelo ao
individualismo, ao hedonismo e ao materialismo, onde as pessoas vivem no
anonimato, a paróquia é chamada a recuperar seu sentido de comunidade, como
lugar de acolhida a todos os que a procuram, incentivando o diálogo, o contato
humano e à fraternidade.
2- A nova experiência de Deus: o Abbá. Jesus testemunhava uma grande intimidade com o Pai (Jo
14,9) pela oração, nas reuniões na sinagoga, pelo seu jeito de ser e de viver,
de acolher as pessoas e de revelar o seu amor. Era o retrato vivo de Deus, o
portador da Boa Nova para todos os seres humanos, sobretudo para os pobres, e é
esta experiência que a paróquia deve propiciar ao povo.
3- A missão do Messias, como servo de Deus, “que não veio para ser servido, mas
para servir e dar a vida em resgate de muitos” (Mc 10,45). Jesus revela-se como
o Messias que realiza as esperanças dos pobres, fazendo justiça aos oprimidos,
dando pão aos famintos, libertando os prisioneiros, abrindo os olhos dos cegos,
endireitando os curvados, acolhendo os justos e os pecadores, protegendo os
estrangeiros, sustentando o órfão e a viúva, e permanecendo fiel à missão de
servo. Da mesma forma a comunidade paroquial deve ser servidora do povo. Esta é
a sua vocação!
4- A novidade do Reino. Da relação entre Cristo e os seus discípulos surge uma
nova proposta de vida, que precisa ser acolhida pela humanidade. No
relacionamento entre homem e mulher, o máximo de igualdade (Mt 19,7-12); entre
os discípulos, o máximo de partilha (Mc 10,28); com os pequenos e excluídos, o
máximo de acolhida (Mc 9,41-50); com os bens materiais, o máximo de abnegação
(Mc 10,17); com relação ao poder, o exercício do serviço (Lc 22,25-26); com
relação ao perdão, a comunidade situa-se como o lugar de perdão e de
reconciliação e não de mútua condenação. Eis a prática social que se espera de
cada discípulo e da comunidade inteira.
5- Um novo estilo de vida comunitária. O Reino implica em uma nova maneira de viver e de
conviver, por isso, Jesus deu quatro recomendações para a vida comunitária:
hospitalidade (Lc 9,4; 10,5-6), partilha (Lc 10,7), comunhão (Lc 10,8) e
acolhida (Mt 10,8). Atendidas estas recomendações, pode-se proclamar que “O
Reino Chegou!” (Mc 6,7,13). Estes são os sinais que indicam o quanto a
comunidade paroquial é sinal do Reino.
6- O novo modo de ser pastor. Jesus vai ao encontro das pessoas onde elas estão e propõe
um caminho de vida (Mt 11,28); não exclui ninguém; supera as barreiras de sexo,
religião, etnia e de classe; não se fecha dentro de sua própria cultura;
reconhece as coisas boas que existem em todas as pessoas, por isso, se
apresenta como o Bom Pastor (Jo 10,11). Ele é o modelo de pastoral para toda
paróquia e comunidade: acolhe, ensina, cuida, guia, promove a comunhão na fé,
na esperança e no amor, e se aproxima também dos irmãos de outras tradições.
7- O ensinamento novo. Jesus ensinava de forma simples e direta, com palavras
voltadas ao cotidiano das pessoas, fazendo-as participarem da descoberta da
verdade. Sua vida era o testemunho do que ensinava, por isso, o povo percebeu
„um ensinamento novo, e com autoridade‟ (Mc 1,27). O testemunho deve ser a
primeira ação da Evangelização nas paróquias.
8- A nova Páscoa. Na Páscoa de Jesus, a morte foi vencida. A nova
comunidade, reunida pelo Ressuscitado, é a expressão e o anúncio de uma nova e
eterna aliança selada na nova Páscoa. Ela promove o perdão dos pecados para
reconciliar o mundo com Cristo e expandir a mensagem da Boa Nova a toda
humanidade. “Todo aquele que nele crer não morrerá, mas terá a vida eterna” (Jo
10, 3,36). Toda paróquia deve ser geradora de vida humana, vida de fé e esperança.
9- Pentecostes: o novo Povo de Deus. O poder do Espírito Santo, recebido no dia de Pentecostes
(At 2), que realiza nos corações a condição para que alguém se torne seguidor
de Jesus Cristo, concede diversos carismas que acompanham o verdadeiro anúncio
evangélico, e guia as decisões da Igreja para ser uma comunidade
evangelizadora. Na paróquia todos são responsáveis: padres e leigos têm a mesma
importância; sobretudo quando aceita a colaboração de cada um, de modo a dar
oportunidade para todos.
10- A nova comunidade cristã. A inspiração para toda comunidade cristã parte de quatro
colunas básicas: a) Perseverança em ouvir o ensinamento dos apóstolos (1Ts
2,13); b) A Comunhão fraterna (Gl 3,28; Cl 3,11; 1Cor 12,13), c) A fração do
pão (Eucaristia) (Lc 24,30-35); d) As orações (At 5,12b). São esses gestos que
tornam a comunidade cada vez mais apaixonada pelo Deus de Jesus Cristo e pela
sua proposta de vida.
11- A missão. Os discípulos de Jesus são reconhecidos por viverem em comunhão
(Jo 13,34), tornando-se testemunhas pascais que recebem o mandato missionário
para realizar pregações, curas e formar comunidades. A mística desta comunhão
deve ser o grande ideal de uma paróquia.
12- A nova esperança: a comunidade eterna. A esperança no Reino de Deus, anunciado por Cristo,
desperta nos cristãos o compromisso de trabalhar por um mundo melhor e esperar
a plena realização dos novos céus e da nova terra (2Pd 3,13), onde Deus será
tudo em todos. Cada comunidade cristã deve ser testemunha e anunciadora desta
realidade futura, atualizando, através dos séculos, a mensagem de esperança de
Cristo. Eis o agir em comunidade!
Para criar a convicção e uma cultura de Comunidade de
Comunidades é preciso que surja uma nova forma da paróquia ser e de se
organizar. Ela deve expressar a comunhão de pequenos grupos e comunidades que
buscam a fidelidade ao projeto de Jesus através da atualidade da Palavra de
Deus e da adesão ao Reino, ao mundo novo, ao novo estado de coisas, à nova
maneira de ser, de viver, de estar junto com os outros, que o Evangelho
inaugura. Para esta renovação, a Igreja precisa cuidar do amadurecimento da fé
de seus membros, principalmente através da formação bíblica, que deve ser
permanente. É a formação que fortalece a fé e a vida comunitária, para que ela
seja sinal e instrumento do Reino, afinal, evangelizar é também uma tarefa
comunitária.
Para Refletir:
11) Qual a importância da Palavra de Deus na vida do
Discípulos Missionário e na Missão?
22) Você considera que a formação cristã oferecida pela
Paróquia/Comunidade deve ser mantida como está? Por quê?
33) O que se pode propor como novidade ou aprimoramento para
transformar a paróquia numa verdadeira escola de comunhão: Comunidade de
Comunidades?
FONTE: avf@arquidiocesecampinas.com - O texto das fichas de estudo está publicado
no site: Ambiente Virtual de Formação: Igreja em Rede http://www.ambientevirtual.org.br/fichas-de-estudo/comunidade-de-comunidades-uma-nova-paroquia-i-perspectiva-biblica
onde você poderá fazer o download em
PDF.
segunda-feira, 25 de novembro de 2013
Comemoração do 1 ano do Diaconato
O dia 24 de novembro de 2013, dia em que se celebrou a solenidade de Cristo Rei do universo, encerramento do ano litúrgico e também do ano da fé, foi para todos nós (31) diáconos permanentes da Arquidiocese de São Luis (MA) um dia muito especial, momento em que redemos graças ao nosso mestre e Senhor por nos ter escolhido, chamado e enviado para a missão evangelizadora com a graça do ministério ordenado do diaconado.
Aproveito para relembrar uma frase do nosso patrono São Francisco de Assis "Irmãos até aqui pouco ou nada fizemos" e somos conscientes que ainda há muito a ser feito e a necessidade é urgente e grande, porém, diante da aridez do imenso deserto encontrado no cotidiano da vida, este primeiro ano de exercício ministerial se revelou como um oásis para Igreja local, onde servimos a Jesus através dos irmãos. Deus nos lembra que se nos mantivermos fiéis no pouco Ele nós confiará cada vez mais e a cada dia avançaremos até o encontro definitivo. É momento de parabéns e de alegria, mas, principalmente é momento de revigorar as forças para sermos cada vez mais sinal e seta de que Deus está e se manifesta em nosso meio; que seu reino é de amor, igualdade, justiça e paz e não terá fim.
Seja bendito o Senhor que fez e faz em nós maravilhas!
ass. Diac. Carlos Ericeira
Confraternização após a celebração de ação de graças na Paroquia de Santa Terezinha (Filipinho - São Luis/MA) |
Processo vocacional para Nova turma de Diaconos
Durante reunião com diáconos permanentes na noite do dia, 21/11/13, o arcebispo de São Luís, dom José Belisário da Silva, anunciou que “é preciso partir para a segunda turma de diáconos”. “Esse é o nosso encaminhamento concreto: dar início à nova turma”, pontuou. Dom José Belisário explicou que ao longo de 2014 será realizado um processo vocacional para começar a nova turma em 2015. O processo consiste em ouvir as indicações dos padres e das comunidades, receber e avaliar os candidatos, convidar e selecionar.
Postado por Diácono George Castro Por: Bento Leite
segunda-feira, 18 de novembro de 2013
Estudo Doc 104 CNBB - Comunidade de Comunidades
A Equipe de Formação Paroquial, Jornal A Palavra Viva e o Blog CMliturgo (diac. Carlos Ericeira), visando um maior aprofundamento e conhecimentos dos documentos da Igreja, traz aos irmãos (paroquianos do São Cristóvão) um trabalho desenvolvido pela Arquidiocese de Campinas. Colabore com os organizadores na transmissão destes encontros de estudo, acompanhe o cronograma de estudo da Paróquia e a edição das próximas Fichas de Estudos.
COMUNIDADE DE COMUNIDADES:
UMA NOVA PARÓQUIA (I)
Perspectiva Bíblica
O texto de Estudos da
CNBB, nº 104, “Comunidade de Comunidades: Uma nova
Paróquia”, apresentado em quatro capítulos, tem a finalidade de promover a
reflexão sobre a renovação das paróquias, diante das mudanças que estamos
vivendo, para que elas se tornem uma Igreja em permanente estado de Missão.
Espera-se, por meio dele, que as dioceses apresentem sugestões complementares,
que posteriormente serão avaliadas pelos bispos e encaminhadas para a votação
final na Assembleia da CNBB, em 2014, quando então deverá se transformar em um
documento norteador para as paróquias.
Nesta Ficha será desenvolvido o Capítulo 1: Perspectiva Bíblica, que destaca a importância da Palavra de Deus na vida da
comunidade e na vida do discípulo missionário. A Constituição Dogmática Constituição Dogmática Dei
Verbum e a Exortação Apostólica pós-sinodal Verbum Domini ressaltam que
a Palavra de Deus ilumina, na comunidade, a realidade que o discípulo é chamado
a transformar, para que a paróquia seja de fato
presença viva de Jesus Cristo em meio às pessoas, às famílias e à sociedade.
Eis alguns elementos bíblicos que iluminam os desafios de transformar a
paróquia em verdadeira escola de comunhão, em “comunidade de comunidades”:
1- Recuperar a comunidade. Segundo o texto, não é de hoje que a tendência ao
isolamento atinge as pessoas, as famílias e a comunidade, que muitas vezes se
fecham à realidade e aos apelos para uma vida em sociedade. No seu tempo, Jesus
ensinou que a comunidade deveria ser exemplo da bondade, do amor e da
misericórdia, como expressão da grande família dos filhos de Deus,
principalmente às pequenas famílias e às pessoas sozinhas e indefesas. Para
Jesus, a comunidade é um dos muitos sinais do Reino de Deus em meio a uma
sociedade egoísta e fechada. Ainda hoje, em tempos de forte apelo ao
individualismo, ao hedonismo e ao materialismo, onde as pessoas vivem no
anonimato, a paróquia é chamada a recuperar seu sentido de comunidade, como
lugar de acolhida a todos os que a procuram, incentivando o diálogo, o contato
humano e à fraternidade.
2- A nova experiência de Deus: o Abbá. Jesus testemunhava uma grande intimidade com o Pai (Jo
14,9) pela oração, nas reuniões na sinagoga, pelo seu jeito de ser e de viver,
de acolher as pessoas e de revelar o seu amor. Era o retrato vivo de Deus, o
portador da Boa Nova para todos os seres humanos, sobretudo para os pobres, e é
esta experiência que a paróquia deve propiciar ao povo.
3- A missão do Messias, como servo de Deus, “que não veio para ser servido, mas
para servir e dar a vida em resgate de muitos” (Mc 10,45). Jesus revela-se como
o Messias que realiza as esperanças dos pobres, fazendo justiça aos oprimidos,
dando pão aos famintos, libertando os prisioneiros, abrindo os olhos dos cegos,
endireitando os curvados, acolhendo os justos e os pecadores, protegendo os
estrangeiros, sustentando o órfão e a viúva, e permanecendo fiel à missão de
servo. Da mesma forma a comunidade paroquial deve ser servidora do povo. Esta é
a sua vocação!
4- A novidade do Reino. Da relação entre Cristo e os seus discípulos surge uma
nova proposta de vida, que precisa ser acolhida pela humanidade. No
relacionamento entre homem e mulher, o máximo de igualdade (Mt 19,7-12); entre
os discípulos, o máximo de partilha (Mc 10,28); com os pequenos e excluídos, o
máximo de acolhida (Mc 9,41-50); com os bens materiais, o máximo de abnegação
(Mc 10,17); com relação ao poder, o exercício do serviço (Lc 22,25-26); com
relação ao perdão, a comunidade situa-se como o lugar de perdão e de
reconciliação e não de mútua condenação. Eis a prática social que se espera de
cada discípulo e da comunidade inteira.
5- Um novo estilo de vida comunitária. O Reino implica em uma nova maneira de viver e de conviver,
por isso, Jesus deu quatro recomendações para a vida comunitária: hospitalidade
(Lc 9,4; 10,5-6), partilha (Lc 10,7), comunhão (Lc 10,8) e acolhida (Mt 10,8).
Atendidas estas recomendações, pode-se proclamar que “O Reino Chegou!” (Mc
6,7,13). Estes são os sinais que indicam o quanto a comunidade paroquial é
sinal do Reino.
6- O novo modo de ser pastor. Jesus vai ao encontro das pessoas onde elas estão e propõe
um caminho de vida (Mt 11,28); não exclui ninguém; supera as barreiras de sexo,
religião, etnia e de classe; não se fecha dentro de sua própria cultura;
reconhece as coisas boas que existem em todas as pessoas, por isso, se
apresenta como o Bom Pastor (Jo 10,11). Ele é o modelo de pastoral para toda
paróquia e comunidade: acolhe, ensina, cuida, guia, promove a comunhão na fé,
na esperança e no amor, e se aproxima também dos irmãos de outras tradições.
7- O ensinamento novo. Jesus ensinava de forma simples e direta, com palavras
voltadas ao cotidiano das pessoas, fazendo-as participarem da descoberta da
verdade. Sua vida era o testemunho do que ensinava, por isso, o povo percebeu
„um ensinamento novo, e com autoridade‟ (Mc 1,27). O testemunho deve ser a
primeira ação da Evangelização nas paróquias.
8- A nova Páscoa. Na Páscoa de Jesus, a morte foi vencida. A nova
comunidade, reunida pelo Ressuscitado, é a expressão e o anúncio de uma nova e
eterna aliança selada na nova Páscoa. Ela promove o perdão dos pecados para
reconciliar o mundo com Cristo e expandir a mensagem da Boa Nova a toda
humanidade. “Todo aquele que nele crer não morrerá, mas terá a vida eterna” (Jo
10, 3,36). Toda paróquia deve ser geradora de vida humana, vida de fé e
esperança.
9- Pentecostes: o novo Povo de Deus. O poder do Espírito Santo, recebido no dia de Pentecostes
(At 2), que realiza nos corações a condição para que alguém se torne seguidor
de Jesus Cristo, concede diversos carismas que acompanham o verdadeiro anúncio
evangélico, e guia as decisões da Igreja para ser uma comunidade
evangelizadora. Na paróquia todos são responsáveis: padres e leigos têm a mesma
importância; sobretudo quando aceita a colaboração de cada um, de modo a dar
oportunidade para todos.
10- A nova comunidade cristã. A inspiração para toda comunidade cristã parte de quatro
colunas básicas: a) Perseverança em ouvir o ensinamento dos apóstolos (1Ts
2,13); b) A Comunhão fraterna (Gl 3,28; Cl 3,11; 1Cor 12,13), c) A fração do
pão (Eucaristia) (Lc 24,30-35); d) As orações (At 5,12b). São esses gestos que
tornam a comunidade cada vez mais apaixonada pelo Deus de Jesus Cristo e pela
sua proposta de vida.
11- A missão. Os discípulos de Jesus são reconhecidos por viverem em comunhão (Jo
13,34), tornando-se testemunhas pascais que recebem o mandato missionário para
realizar pregações, curas e formar comunidades. A mística desta comunhão deve
ser o grande ideal de uma paróquia.
12- A nova esperança: a comunidade eterna. A esperança no Reino de Deus, anunciado por Cristo,
desperta nos cristãos o compromisso de trabalhar por um mundo melhor e esperar
a plena realização dos novos céus e da nova terra (2Pd 3,13), onde Deus será
tudo em todos. Cada comunidade cristã deve ser testemunha e anunciadora desta
realidade futura, atualizando, através dos séculos, a mensagem de esperança de
Cristo. Eis o agir em comunidade!
Para criar a convicção e uma cultura de Comunidade de
Comunidades é preciso que surja uma nova forma da paróquia ser e de se organizar.
Ela deve expressar a comunhão de pequenos grupos e comunidades que buscam a
fidelidade ao projeto de Jesus através da atualidade da Palavra de Deus e da
adesão ao Reino, ao mundo novo, ao novo estado de coisas, à nova maneira de
ser, de viver, de estar junto com os outros, que o Evangelho inaugura. Para
esta renovação, a Igreja precisa cuidar do amadurecimento da fé de seus
membros, principalmente através da formação bíblica, que deve ser permanente. É
a formação que fortalece a fé e a vida comunitária, para que ela seja sinal e
instrumento do Reino, afinal, evangelizar é também uma tarefa comunitária.
Para Refletir:
1a) Qual a importância da Palavra de Deus na vida do
Discípulos Missionário e na Missão?
2b) Você considera que a formação cristã oferecida pela
Paróquia/Comunidade deve ser mantida como está? Por quê?
3c) O que se pode propor como novidade ou aprimoramento para
transformar a paróquia numa verdadeira escola de comunhão: Comunidade de
Comunidades?
Ao fazer uso deste texto, favor citar a fonte.
FONTE: avf@arquidiocesecampinas.com - O texto das
fichas de estudo está publicado no site: Ambiente Virtual de Formação: Igreja
em Rede http://www.ambientevirtual.org.br/fichas-de-estudo/comunidade-de-comunidades-uma-nova-paroquia-i-perspectiva-biblica
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quinta-feira, 14 de novembro de 2013
Um ano de diaconado permanente
Dom José Belisário da Silva *
A identidade do diácono se encontra, antes de tudo, na ordem do ser. Ele recebe uma graça sacramental que determina o espírito com que exerce o seu ministério. Por isso, não deve, em primeiro lugar, ser definido a partir das funções ou dos poderes que lhe são confiados. Ele recebe uma marca indelével através da ordenação sacramental. É na sua significação que se encontra a especificidade do diaconado.(Diretrizes para o Diaconado Permanente, nº 33 – CNBB).
Neste mês de novembro completa-se um ano da ordenação do primeiro grupo de diáconos permanentes da Arquidiocese de São Luís. É uma data a ser festejada com alegria e gratidão, mas é também um tempo favorável para uma avaliação do caminho percorrido.
Numa sociedade marcada pelo fazer, há, antes de tudo, um risco a ser evitado, a saber, o risco de compreender o ministério diaconal numa perspectiva funcionalista, pragmática, reduzindo-o à prestação de serviços ou ao cumprimento eficiente de determinadas funções. Claro que as funções são importantes e devem ser desempenhadas com esforço e amor. No entanto, como afirmam as Diretrizes para o Diaconado Permanente, a identidade diaconal encontra-se, antes de tudo, na ordem do ser e não do fazer. Eis o desafio: ser um cristão diácono sempre, em todas as circunstâncias, e para sempre.
Numa sociedade marcada pela busca do poder, pela busca do interesse próprio, na qual até as relações humanas são mercantilizadas, onde o valor da pessoa é estabelecido pelo mercado, pelo poder e pelos bens que se têm, pela capacidade de produzir ou consumir, os diáconos devem nos ajudar a resgatar a lógica da gratuidade, na perspectiva da graça. Seria uma lástima entender o diaconado como busca de privilégios e honrarias.
O Documento de Aparecida fala dos “novos rostos dos pobres”. Ao lado de antigos problemas sociais que lamentavelmente perduram e, por vezes, se agravam, novos rostos de sofredores assomam à cena social – dependentes de drogas, detidos nas prisões, idosos abandonados, meninos de rua, enfermos e tantos outros. Perante esses “novos rostos dos pobres”, o serviço da caridade torna-se mais necessário e desafiador e pressupõe uma caridade inteligente e organizada, tanto de cunho emergencial como de cunho sócio-transformador.
Estamos vivenciando no Brasil uma grande diversidade de situações culturais. O pré-moderno, o moderno e o pós-moderno convivem e frequentemente se misturam. Essa situação exige do evangelizador uma atitude de abertura e de diálogo. Surgem novos areópagos que constituem verdadeiros desafios para a ação evangelizadora da Igreja. Esses novos areópagos são terreno propício para a presença e atuação dos diáconos permanentes.
Também o contexto eclesial propõe desafios ao diaconado permanente. O cenário religioso tem sofrido modificações nas últimas décadas. Multiplicação das novas denominações religiosas, a teologia da prosperidade, o crente visto como consumidor ao qual se devem satisfazer as necessidades pessoais, o proselitismo e a competição, o consumismo religioso, a privatização e a des-institucionalização da religião são mudanças que podemos perceber a olho nu e que são constatadas e analisadas pelas ciências sociais. O diácono permanente é convidado a compreender este novo cenário não para acomodar-se nele, mas para buscar transformá-lo a partir de posturas pastorais adequadas.
Um ano de diaconado permanente na Arquidiocese. Parabéns, diáconos! Somos gratos a vocês por corresponderem à vocação que Deus lhes concedeu.
*Arcebispo de São Luís
FONTE: cnd.org.br
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