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terça-feira, 28 de maio de 2013

A transmissão da fé deve ser feita primeiro pela família

Palavras do Arcebispo Dom Raymundo Cardeal Damasceno Assis por ocasião da 5a Peregrinação das Famílias ao Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida
Neste domingo (26/05) aconteceu a 5a Peregrinação das Famílias ao Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida. Conforme nota publicada no site oficial da Arquidiocese, apresentamos as palavras do Arcebispo Dom Raymundo Cardeal Damasceno Assis aos presentes.
Com grande satisfação, dou as boas vindas a todos, em especial, aos que vieram ao Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, como família, em peregrinação. Esta é a 5a Peregrinação Nacional das Famílias. O tema escolhido para esta peregrinação, em sintonia com a Jornada Mundial da Juventude e com o Ano da Fé, é “A transmissão e a educação da fé cristã na Família”.
Estamos hoje celebrando a solenidade da Santíssima Trindade. Com esta celebração, somos convidados a contemplar o mistério da Santíssima Trindade e a compreender melhor como nossa relação com Deus é marcada pelo mistério de sua vida íntima, pela sua Trindade de Pessoas.
Na segunda leitura, na carta aos Romanos, S. Paulo afirma, referindo-se a Cristo: “Por Ele tivemos acesso, pela fé, a esta graça, na qual estamos firmes e nos gloriamos, na esperança da glória de Deus”(5,2). Aqui se encontra a indicação clara do modo como nossa relação de comunhão com Deus é estabelecida e fundamentada: “Por Ele tivemos acesso a esta graça”. A graça é a nossa condição de cristãos. E esta graça, como ensina S. Paulo, nós a recebemos na fé, ou seja, pelo batismo e pela vida nova que este sacramento nos comunica. Por sermos batizados, com Cristo somos filhos de Deus, estamos em relação de familiaridade com o Pai, e somos habitados pelo Espírito Santo, o Espírito da Verdade, que nos conduz à verdade plena, como nos ensina o Evangelho de hoje (Jo 16,13).
Desse modo, somos orientados corretamente para o mistério de Deus. Não se trata de termos que decifrar intelectualmente o mistério trinitário de Deus. Trata-se de o contemplarmos a partir da experiência de comunhão com esse mistério, que nos é comunicada nos sacramentos, na liturgia e em nossa vida espiritual.
O início de tudo, em nossa vida de fé, é o batismo. Com esse sacramento, somos marcados com o sinal de nossa salvação: a Cruz de Cristo, pela qual fomos resgatados do pecado e postos em uma relação de amor e amizade com Deus. E somos também postos sob a marca do Nome Santo de Deus: Pai, Filho e Espírito Santo. Ter a marca de um nome sobre nós indica que pertencemos a Ele.
Ao fazermos sobre nós o sinal da Cruz, no início do dia, no início de nossas celebrações e orações, antes de nossas refeições e de todas as atividades importantes, nós estamos recordando o mistério dessa pertença amorosa a Deus e estamos procurando viver em profunda sintonia com a graça batismal, que nos transformou profundamente.
Assim, compreendemos que se trata, em primeiro lugar, de vivenciarmos a relação de comunhão, na fé e no amor, com Deus que, como nos diz a primeira leitura, do livro dos Provérbios, se alegra em estar na companhia das pessoas humanas (8,31).
“A transmissão e a educação da fé cristã na família”, este é o tema da 5a Peregrinação das Famílias ao Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida. O tema recorda que essa é uma missão da família. Este tema foi aprofundado ontem, durante o 3o Simpósio Nacional da Família, promovido pela Comissão Episcopal Pastoral para a vida e a Família. Essa Comissão expressa a solicitude de toda a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil e da Igreja no Brasil pela Família, e por seu papel insubstituível na vida de cada um de nós, na vida da Igreja e na vida social.
Recordemo-nos que a transmissão da fé deve ser feita primeiro pela família. De fato, não basta transmitir a vida biológica; é necessário , por meio da educação, ensinar o modo correto para viver bem. Não basta ensinar a viver bem neste mundo; é necessário transmitir também o significado eterno da vida humana, que se encontra na fé em Deus e na comunhão com Ele. Transmitir a fé e educar nela é parte fundamental da missão da família cristã.
Muitas vezes, durante as celebrações, vemos os pais ou avós, tendo nos braços seu filhinho ou netinho, no início da celebração, depois de ter feito sobre si mesmos o sinal da cruz, tomarem a mão da criancinha e a ajudá-la a traçar também esse sinal; ou vemos, durante a oração do Pai Nosso, segurarem para o alto uma das mãozinhas da criança, enquanto rezam. Quando já estão maiorzinhas, vemos essas crianças tentarem fazer sozinhas o sinal da cruz ou elevarem as mãos durante o Pai Nosso. Desajeitadamente, muitas vezes, mas tentando fazer certo. E as vemos olhar para os olhos de seus pais ou avós, buscando aquele sinal de aprovação e aquela confirmação que os faz ir adiante e progredir no caminho da fé.
São sinais exteriores, mas importantes. Como ontem, no Simpósio, quero recordar aqui, uma das perguntas que se faz aos noivos durante a celebração do sacramento do Matrimônio: “estais dispostos a receber com amor os filhos que Deus vos confiar, e a educá-los na lei de Cristo e da Igreja?”. Quando assistimos a cenas como as que acabo de descrever, temos alegre convicção de que sim, a família cristã continua fiel a sua missão, embora tenha que enfrentar desafios para isso. E se é verdade que muitos pais já não se preocupam tanto em transmitir e educar na fé os seus filhos, em diversos casos, os avós ainda o procuram fazer, como nos recordou há poucos dias o Papa Francisco, lembrando-se de sua própria avó. E cresce o número dos que descobrem que educar na fé é garantia segura de um futuro melhor para seus filhos.
Queridos irmãos e irmãs, desejo a todos que a experiência de ser família e de procurar viver em família a fé cristã, os faça progredir no conhecimento amoroso do mistério de Deus e, por este caminho da fé e da graça, os faça famílias felizes e comprometidas com o Evangelho.

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