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segunda-feira, 1 de abril de 2013


A ABSOLVIÇÃO[1]

Frei José Ariovaldo da Silva, OFM


A absolvição é uma ação do sacerdote, ação simbólico-sacramental, pela qual, em virtude do mistério pascal e pela ação do Espírito Santo, na mediação eclesial, o penitente é reconciliado com Deus e com a Igreja. A oração que o ministro pronuncia é de uma densidade bíblica e teológica incalculável. É só prestar bem atenção na fórmula:
Deus, Pai de misericórdia, que, pela morte e ressurreição de seu Filho, reconciliou o mundo consigo e enviou o Espírito Santo para remissão dos pecados, te conceda, pelo ministério da Igreja, o perdão e a paz. E eu te absolvo dos teus pecados, em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo”.
Primeiro cita-se o nome de Deus. Neste nome podemos vê-lo como o Criador. E, como Criador, ele se revelou como Pai (nosso familiar, portanto). Por isso, o chamamos de Pai. Como familiar nosso (nosso Pai), é caracterizado por um atributo peculiar: misericordioso (Pai de misericórdia, que desce e ouve o clamor da humanidade).
Mas vamos adiante. A humanidade em geral e o pecador que está recebendo o perdão, concretamente, se afastaram do Senhor por sua desobediência e orgulho. Mas Deus, por assim dizer, fica chateado com esta atitude orgulhosa, desobediente e rebelde do ser humano. Assim, “neste transfundo aparece Cristo, que ‘se despojou e se rebaixou até a morte’ (cf. Fl 2,7-8); com sua atitude humilde e obediente, Cristo muda o rosto da humanidade; agora, pela obediência de Cristo, a humanidade é santa e agradável a Deus. O corpo santo de Jesus, destruído na cruz, vem a ser, então, como que a imagem – o ‘símbolo’ ou o ‘sacramento’ – de como foi destruído o pecado dos seres humanos: ‘Carregou nossos pecados em seu corpo sobre o madeiro para que, mortos para o pecado, vivêssemos para a justiça’ (1Pd 2,24). Por isso que a fórmula litúrgica diz: ‘Deus reconciliou o mundo pela morte do seu Filho’. Aquele que não tinha nada a ver com o pecado, diz Paulo, ‘Deus o fez pecado por nós, para que nele fôssemos justiça de Deus’ (2Cor 5,21)”. Mas não só a morte do Senhor!... Também se fala da sua ressurreição. Como afirma Paulo: ele foi “entregue por nossos pecados e ressuscitado para nossa justificação” (Rm 4,25). “Por isso vale a pena insistir que também a ressurreição, aludida na fórmula, é ‘sacramento’ ou símbolo do perdão. Com efeito, se o corpo do Senhor destruído na cruz simboliza o pecado humano destruído, este mesmo corpo glorificado e colocado à direita do Pai – um homem verdadeiro como nós, sentado junto de Deus – simboliza intensamente a reconciliação da humanidade com Deus e é o início da humanidade reconciliada e amiga de Deus: ‘Na pessoa de Cristo Deus nos fez sentar com ele no céu’ (Ef 2,6)”. Como se vê, a Igreja, diante dos sinais de conversão do penitente, “faz o memorial das grandes ações do mistério pascal do Senhor que, em nome da humanidade..., passa deste mundo de pecado ao reino da luz do Pai. E este memorial, tornado presente nas palavras e gestos do ministro, faz com que o Amor de Deus – o Espírito Santo – que ressuscitou Cristo dentre os mortos (Rm 8,10), seja derramado de novo também sobre o pecador. É o que expressa a bonita fórmula de absolvição” [2], através da qual o pecador acolhe o perdão e a paz que lhe vêm do mistério pascal, sendo libertado da escravidão do pecado para estar livre para Deus.
A oração da fórmula é acompanhada pelo importantíssimo gesto da imposição das mãos, ou pelo menos da mão direita, símbolo da transmissão do Espírito Santo para o perdão dos pecados.
Enfim, a fórmula conclui celebrando o fato de que toda a reconciliação é obra da própria Trindade agindo mediante pessoa do ministro representante da Igreja: “E eu te absolvo em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo”.

 

Perguntas para reflexão pessoal ou em grupos:

1.       Vamos retomar a fórmula da absolvição e comentar o seu conteúdo.
2.       Qual a imagem de Deus que aí transparece?  O que a reconciliação faz acontecer em nossa vida?
3.       Qual a importância do gesto da imposição das mãos?




[1]  Palestra proferida no Seminário sobre a Reconciliação, realizado em fevereiro 2007, e publicado na coleção Estudos da CNBB, no. 96, Deixai-vos Reconciliar, Edições CNBB, pág. 32-34.

[2] FARNÉS, Pere. Los gestos litúrgicos en la celebración de la Penitencia, p. 37.

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