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quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Ministério dos acólitos

Você sabe o que é e o que faz um acólito?

Síntese histórica

Acólito é uma palavra grega que significa "ajudante" ou "acompanhante". É o ministro leigo (de ambos os sexos) que acompanha e ajuda os ministros ordenados na celebração litúrgica, representando a congregação junto ao altar.
Há três ordens de ministros na Igreja cristã desde os tempos apostólicos: diáconos, presbíteros e bispos. Mas os acólitos fazem parte de uma tradição muito antiga. Cornélio, bispo de Roma, nos idos do ano 251 d.C., os menciona em uma carta escrita a Fábio de Antioquia da Síria. Já no fim do século II ou início do século III, os documentos da Igreja fazem referência, entre outras, à "ordem menor" de acólito, cuja função era a de auxiliar os diáconos em seu trabalho. O bispo Cornélio menciona a existência de quarenta e dois
acólitos na Igreja de Roma.



Acólito cruciferário à frente do cortejo processional

Cipriano, bispo de Cartago, no norte da África, também cita os acólitos em suas cartas (de 200 a 258). O 4o Concílio de Cartago (398 d.C.), aprovou instruções específicas com respeito à instituição dos acólitos. Provavelmente, segundo alguns estudiosos, os Estatutos Antigos da Igreja (c. de 450) conteriam os decretos desse concílio. Os deveres do acólito, mencionados nesse documento são: levar os castiçais até o altar, acender as velas e entregar os elementos eucarísticos para o sacerdote. Atualmente, quando convocado pelo pároco, o acólito também ministra em outras áreas: música, ensino, pregação, ação social, etc.

Na Igreja da Inglaterra, cuja tradição seguimos, do século VIII ao XVI, os acólitos eram reconhecidos como uma ordem menor. A partir da Reforma, não são mais mencionados. No período de 1833 a 1845, aconteceu o Movimento de Oxford, responsável pela defesa de importantes conceitos: a Igreja Anglicana como instituição divina, a sucessão apostólica, a importância do Livro de Oração Comum, entre outros. Nesse período, ocorreu a redescoberta do acolitato na tradição anglicana e a restauração de suas funções, exercidas, obviamente, por leigos especialmente convocados e treinados para este fim.

No anglicanismo brasileiro, os acólitos surgiram por volta de 1950, no Rio Grande do Sul (Manual do Acólito, Jubal Pereira Neves, 3a edição, 1983, pg. 6). Em algumas paróquias, os grupos de acólitos recebem o nome de Ordem de Santo Estêvão, porque seu ofício antigo, como vimos acima, era o de auxiliar os diáconos. Estêvão foi o primeiro diácono da Igreja, como também o primeiro mártir (At, caps. 6 e 7). Seu dia no calendário litúrgico é 26 de dezembro.

Orientações gerais

Com relação ao exercício do acolitato, há costumes diferentes em cada paróquia. Um pároco é mais solene, outro mais informal; um, é mais meticuloso e exigente, outro, mais flexível. A regra sempre é: o pároco (ou o bispo, quando estiver presente) é a autoridade máxima na direção dos cultos. Os acólitos devem sempre subordinar-se a ele e consultá-lo quando tiverem qualquer dúvida. O serviço dos acólitos deve ater-se estritamente às determinações dadas pela autoridade eclesiástica, independentemente das preferências pessoais. Lembre-se que "a obediência é melhor do que o sacrifício, e a submissão é melhor do que a gordura de carneiros. Pois a rebeldia é como o pecado da feitiçaria; e a arrogância como o mal da idolatria" (I Sm 15.22-23). Servir no altar de Deus e na obra de Deus é um privilégio enorme e uma não menor responsabilidade. O acólito deve orar, pedindo a graça de Deus para poder desempenhar dignamente este ministério na Igreja.
Os acólitos devem chegar ao local da celebração pelo menos trinta minutos antes do início da celebração, apresentar-se ao padre e aguardar suas instruções. Instantes antes do início da missa, um deles deve discretamente acender as velas sobre o altar. A vela acesa tem como simbolismo: "Cristo, a Luz do mundo" e também representa o sacrifício do Filho de Deus por nós, porque a vela, para iluminar, precisa consumir-se.
No missa, cada acólito deve comportar-se com reverência, pois é representante da congregação no altar e exemplo para o povo reunido. Não deve ser desajeitado para sentar-se ou ajoelhar-se e quando estiver em pé, deve estar em posição de prontidão, sempre atento às determinações do presidente da celebração, sem jamais encostar-se na parede ou em qualquer móvel. Deve portar o Livro de Oração Comum ou o boletim litúrgico, conforme o caso, fazendo os responsos com voz audível e clara, porém discreta, observando atentamente todas as rubricas do ritual. Nunca deve cochichar com alguém durante a celebração; obviamente, alguma situação inesperada pode requerer isto, mas será uma exceção. Caso tenha que transmitir algum recado necessário ao celebrante, deve preferencialmente escrevê-lo e discretamente colocá-lo sobre o púlpito.

Eucaristia

Para auxiliar na ministração da eucaristia, o acólito deverá estar vestido com uma túnica branca (batina), sem estola.Como preparação para a santa comunhão, o acólito auxiliará o celebrante a lavar as mãos e lavará ele próprio as suas. Antes da missa, providenciará para que o lavabo esteja provido de água limpa. Se for chamado pelo celebrante, o acólito segurará o cálice durante a ceia, para a instituição do pão. Evitar ficar "encarando" as pessoas que estiverem vindo à mesa. Ao final da comunhão, o acólito providenciará a limpeza dos vasos e a arrumação da mesa. Após a missa, deve imediatamente apagar as velas e dirigir-se ao local apropriado para despir a túnica. Entretanto, o presidente da celebração pode requerer que o acompanhe ou que permaneça no local, por algum motivo especial.

Preparo para a eucaristia

A Palavra de Deus aconselha um preparo adequado para recebermos o Corpo e o Sangue de nosso Senhor Jesus Cristo (I Co 11.17-34, especialmente o versículo 28: "Examine-se cada um a si mesmo, e então coma do pão e beba do cálice"). O acólito deve esmerar-se no cuidado com esta admoestação. O preparo pode ser iniciado na véspera da celebração e continuar durante a mesma. Devemos estar prontos para entrar na presença real do Senhor Jesus Cristo, que estará conosco no pão e no vinho.

O momento da confissão deve ser vivenciado com devoção sincera e arrependimento verdadeiro. A prática da lectio divina é altamente recomendável para o acólito; a leitura orante da Bíblia o ajudará a desenvolver a espiritualidade necessária para compor dignamente o grupo de acólitos. A oração e a leitura bíblica devem ser uma prática diária de qualquer cristão; muito mais do acólito!

A Ordem de Santo Estêvão

A Ordem de Santo Estêvão, ou o grupo de acólitos, é uma organização composta por crianças, jovens e adultos, de ambos os sexos, desejosos de dedicar lealmente à Igreja seus dons, talentos e habilidades e também vivenciar a liturgia reverentemente, buscando a maior glória de Deus e a salvação dos homens. Não é um grupo fechado nem composto por pessoas superespirituais. A santidade e a entrega de Estêvão, diácono e mártir, e sobretudo sua humildade, serão sempre excelentes exemplos a serem seguidos pelos acólitos. Nunca há perfeição em qualquer empreendimento humano, mas devemos oferecer o nosso melhor para Deus e esperar que ele nos aperfeiçoe a cada dia (Fl 1.6). A experiência tem demonstrado que o grupo de acólitos é um "celeiro" de futuros clérigos e de leigos dedicados à sublime obra do Senhor.

O acólito deve ser um exemplo para toda a congregação, como assíduo participante dos ofícios públicos e demais atividades da Igreja. O acólito deve ser humilde e sincero em seus relacionamentos com os demais membros do Corpo de Cristo. Quando vir que alguém – principalmente um companheiro acólito – cometeu algum erro, procurará, sob a orientação do padre, ajudá-lo fraternalmente, e discretamente, sem críticas ou julgamento.

Regra de vida

Os exercícios espirituais (leitura bíblica, oração, meditação, confissão, jejum, adoração, simplicidade, submissão, etc.), devem ser uma constante na vida particular de cada acólito, constituindo uma verdadeira espiritualidade, uma regra de vida. Praticados com regularidade, tais exercícios devem tornar-se um hábito (não confundir hábito com rotina), um ritmo, através do qual a vida espiritual pulse e solidifique uma profunda comunhão com Deus e com os irmãos. "Em religião, como em tudo o mais, necessitamos de disciplina para progredir, necessitamos treinamento e prática para um desenvolvimento dos dons que Deus nos confiou" (Jubal Pereira Neves, op. cit., pg. 23).


Quanto a isto, é bom lembrar que o perfeccionismo não nos levará à perfeição; o preciosismo será sempre extremamente prejudicial. Portanto, o acólito não deve ser demasiado exigente consigo mesmo. A busca da excelência é diferente da busca da perfeição. Esta, só existe em Deus Pai, Filho e Espírito Santo; aquela, deve ser um traço do caráter do ser humano, especialmente do acólito. Se você tiver que aprender uma única palavra em japonês, que essa palavra seja kaizen, a qual significa aperfeiçoamento constante, ou seja, que você não é perfeito, mas deve melhorar cada dia um pouco mais, em direção à perfeicão. A isto pode-se dar o nome de busca da excelência. O acólito, portanto, deve reforçar as virtudes que já possui e esforçar-se por abandonar os vícios, se necessário com a ajuda do seu padre, pois para isto ele foi designado (Ef 4.11-12). Dia a dia, ponto a ponto, o acólito deve perseguir a maturidade e buscar a plenitude de Cristo (Ef 4.13).

O acólito tem muito a aprender com João Batista quando este referiu-se ao Senhor encarnado: "É necessário que ele cresça e que eu diminua" (Jo 3.30). Parte importante do aperfeiçoamento contínuo do acólito é desvincular-se do seu eu e permitir que Cristo cresça e apareça em sua vida. Assim, o acólito será, como é desejável, a presença de Cristo no mundo.


Conclusão


A vida no acolitato deve se expressar com a presença todos os domingos no culto; na oração constante; na leitura diária da Bíblia e de literatura afim; e na consagração de parte da sua vida às atividades da Igreja: isto inclui ajudar pessoas a receber Jesus como único Salvador e Senhor, atuar intensamente na vida paroquial, interessar-se e agir nas questões sociais e comunitárias e contribuir fielmente para o sustento da Igreja através do dízimo e das ofertas, de acordo com a prosperidade que tiver recebido de Deus.
Deus o abençoe rica e abundantemente!


Texto de autoria do Bispo José Moreno, clérigo da Igreja Anglcana Livre

Mensagem do Papa para a Quaresma


A partir da quarta-feira de cinzas, dia 9 de março, a Igreja inicia o tempo da Quaresma, em preparação à Páscoa. O papa Bento XVI divulgou na manhã de hoje, terça-feira, 22, a Mensagem para Quaresma 2011. Na mensagem, o papa cita a importância do Batismo na vida do cristão e a Quaresma, como ocasião para essa reflexão.

“Um vínculo particular liga o Batismo com a Quaresma como momento favorável para experimentar a Graça que salva”, diz Bento XVI, num dos trechos da mensagem.

O Papa ressalta a relevância do Batismo como sendo uma atual fonte de conversão: “O Batismo, portanto, não é um rito do passado, mas o encontro com Cristo que informa toda a existência do batizado, doa-lhe a vida divina e chama-o a uma conversão sincera, iniciada e apoiada pela Graça, que o leve a alcançar a estatura adulta de Cristo”.

No texto, o papa afirma ainda a importância da palavra de Deus como direção para viver “com o devido empenho este tempo litúrgico precioso. Para empreender seriamente o caminho rumo à Páscoa e nos prepararmos para celebrar a Ressurreição do Senhor – a festa mais jubilosa e solene de todo o Ano litúrgico – o que pode haver de mais adequado do que deixar-nos conduzir pela Palavra de Deus?”.

“Queridos irmãos e irmãs, mediante o encontro pessoal com o nosso Redentor e através do jejum, da esmola e da oração, o caminho de conversão rumo à Páscoa leva-nos a redescobrir o nosso Batismo”, assim termina a mensagem do papa Bento XVI para a Quaresma 2011.

Leia o texto na íntegra:

“Sepultados com Ele no batismo, foi também com Ele que ressuscitastes” (cf. Cl 2, 12).

Amados irmãos e irmãs!

A Quaresma, que nos conduz à celebração da Santa Páscoa, é para a Igreja um tempo litúrgico muito precioso e importante, em vista do qual me sinto feliz por dirigir uma palavra específica para que seja vivido com o devido empenho. Enquanto olha para o encontro definitivo com o seu Esposo na Páscoa eterna, a Comunidade eclesial, assídua na oração e na caridade laboriosa, intensifica o seu caminho de purificação no espírito, para haurir com mais abundância do Mistério da redenção a vida nova em Cristo Senhor (cf. Prefácio I de Quaresma).

1. Esta mesma vida já nos foi transmitida no dia do nosso Batismo, quando, “tendo-nos tornado partícipes da morte e ressurreição de Cristo” iniciou para nós “a aventura jubilosa e exaltante do discípulo” (Homilia na Festa do Batismo do Senhor, 10 de Janeiro de 2010).

São Paulo, nas suas Cartas, insiste repetidas vezes sobre a singular comunhão com o Filho de Deus realizada neste lavacro. O fato que na maioria dos casos o Batismo se recebe quando somos crianças põe em evidência que se trata de um dom de Deus: ninguém merece a vida eterna com as próprias forças. A misericórdia de Deus, que lava do pecado e permite viver na própria existência «os mesmos sentimentos de Jesus Cristo», é comunicada gratuitamente ao homem.

O Apóstolo dos gentios, na Carta aos Filipenses, expressa o sentido da transformação que se realiza com a participação na morte e ressurreição de Cristo, indicando a meta: que assim eu possa “conhecê-Lo, a Ele, à força da sua Ressurreição e à comunhão nos Seus sofrimentos, configurando-me à Sua morte, para ver se posso chegar à ressurreição dos mortos” (Fl 3, 10- 11). O Batismo, portanto, não é um rito do passado, mas o encontro com Cristo que informa toda a existência do batizado, doa-lhe a vida divina e chama-o a uma conversão sincera, iniciada e apoiada pela Graça, que o leve a alcançar a estatura adulta de Cristo.

Um vínculo particular liga o Batismo com a Quaresma como momento favorável para experimentar a Graça que salva. Os Padres do Concílio Vaticano II convidaram todos os Pastores da Igreja a utilizar «mais abundantemente os elementos batismais próprios da liturgia quaresmal» (Const. Sacrosanctum Concilium, 109). De fato, desde sempre a Igreja associa a Vigília Pascal à celebração do Batismo: neste Sacramento realiza-se aquele grande mistério pelo qual o homem morre para o pecado, é tornado partícipe da vida nova em Cristo Ressuscitado e recebe o mesmo Espírito de Deus que ressuscitou Jesus dos mortos (cf. Rm 8,).

Este dom gratuito deve ser reavivado sempre em cada um de nós e a Quaresma oferece-nos um percurso análogo ao catecumenato, que para os cristãos da Igreja antiga, assim como também para os catecúmenos de hoje, é uma escola insubstituível de fé e de vida cristã: deveras eles vivem o Batismo como um ato decisivo para toda a sua existência.

2. Para empreender seriamente o caminho rumo à Páscoa e nos prepararmos para celebrar a Ressurreição do Senhor – a festa mais jubilosa e solene de todo o Ano litúrgico – o que pode haver de mais adequado do que deixar-nos conduzir pela Palavra de Deus? Por isso a Igreja, nos textos evangélicos dos domingos de Quaresma, guia-nos para um encontro particularmente intenso com o Senhor, fazendo-nos repercorrer as etapas do caminho da iniciação cristã: para os catecúmenos, na perspectiva de receber o Sacramento do renascimento, para quem é batizado, em vista de novos e decisivos passos no seguimento de Cristo e na doação total a Ele.

O primeiro domingo do itinerário quaresmal evidencia a nossa condição dos homens nesta terra. O combate vitorioso contra as tentações, que dá início à missão de Jesus, é um convite a tomar consciência da própria fragilidade para acolher a Graça que liberta do pecado e infunde nova força em Cristo, caminho, verdade e vida (cf. Ordo Initiationis Christianae Adultorum, n. 25). É uma clara chamada a recordar como a fé cristã implica, a exemplo de Jesus e em união com Ele, uma luta «contra os dominadores deste mundo tenebroso» (Hb 6, 12), no qual o diabo é ativo e não se cansa, nem sequer hoje, de tentar o homem que deseja aproximar-se do Senhor: Cristo disso sai vitorioso, para abrir também o nosso coração à esperança e guiar-nos na vitória às seduções do mal.

O Evangelho da Transfiguração do Senhor põe diante dos nossos olhos a glória de Cristo, que antecipa a ressurreição e que anuncia a divinização do homem. A comunidade cristã toma consciência de ser conduzida, como os apóstolos Pedro, Tiago e João, «em particular, a um alto monte» (Mt 17, 1), para acolher de novo em Cristo, como filhos no Filho, o dom da Graça de Deus: «Este é o Meu Filho muito amado: n’Ele pus todo o Meu enlevo. Escutai-O» (v. 5).

É o convite a distanciar-se dos boatos da vida quotidiana para se imergir na presença de Deus: Ele quer transmitir-nos, todos os dias, uma Palavra que penetra nas profundezas do nosso espírito, onde discerne o bem e o mal (cf. Hb 4, 12) e reforça a vontade de seguir o Senhor. O pedido de Jesus à Samaritana: “Dá-Me de beber” (Jo 4, 7), que é proposto na liturgia do terceiro domingo, exprime a paixão de Deus por todos os homens e quer suscitar no nosso coração o desejo do dom da “água a jorrar para a vida eterna” (v. 14): é o dom do espírito Santo, que faz dos cristãos “verdadeiros adoradores” capazes de rezar ao Pai “em espírito e verdade” (v. 23). Só esta água pode extinguir a nossa sede do bem, da verdade e da beleza! Só esta água, que nos foi doada pelo Filho, irriga os desertos da alma inquieta e insatisfeita, “enquanto não repousar em Deus”, segundo as célebres palavras de Santo Agostinho.

O domingo do cego de nascença apresenta Cristo como luz do mundo. O Evangelho interpela cada um de nós: ”Tu crês no Filho do Homem?”. “Creio, Senhor” (Jo 9, 35.38), afirma com alegria o cego de nascença, fazendo-se voz de todos os crentes. O milagre da cura é o sinal que Cristo, juntamente com a vista, quer abrir o nosso olhar interior, para que a nossa fé se torne cada vez mais profunda e possamos reconhecer n’Ele o nosso único Salvador. Ele ilumina todas as obscuridades da vida e leva o homem a viver como “filho da luz”.

Quando, no quinto domingo, nos é proclamada a ressurreição de Lázaro, somos postos diante do último mistério da nossa existência: “Eu sou a ressurreição e a vida... Crês tu isto?” (Jo 11, 25-26). Para a comunidade cristã é o momento de depor com sinceridade, juntamente com Marta, toda a esperança em Jesus de Nazaré: “Sim, Senhor, creio que Tu és o Cristo, o Filho de Deus, que havia de vir ao mundo» (v. 27).
A comunhão com Cristo nesta vida prepara-nos para superar o limite da morte, para viver sem fim n’Ele. A fé na ressurreição dos mortos a esperança da vida eterna abrem o nosso olhar para o sentido derradeiro da nossa existência:

Deus criou o homem para a ressurreição e para a vida, e esta verdade doa a dimensão autêntica e definitiva à história dos homens, à sua existência pessoal e ao seu viver social, à cultura, à política, à economia. Privado da luz da fé todo o universo acaba por se fechar num sepulcro sem futuro, sem esperança. O percurso quaresmal encontra o seu cumprimento no Tríduo Pascal, particularmente na Grande Vigília na Noite Santa: renovando as promessas batismais, reafirmamos que Cristo é o Senhor da nossa vida, daquela vida que Deus nos comunicou quando renascemos “da água e do Espírito Santo”, e reconfirmamos o nosso firme compromisso em corresponder à ação da Graça para sermos seus discípulos.

3. O nosso imergir-nos na morte e ressurreição de Cristo através do Sacramento do Batismo, estimula-nos todos os dias a libertar o nosso coração das coisas materiais, de um vínculo egoísta com a “terra”, que nos empobrece e nos impede de estar disponíveis e abertos a Deus e ao próximo. Em Cristo, Deus revelou-se como Amor (cf 1 Jo 4, 7-10). A Cruz de Cristo, a “palavra da Cruz” manifesta o poder salvífico de Deus (cf. 1 Cor 1, 18), que se doa para elevar o homem e dar-lhe a salvação: amor na sua forma mais radical (cf. Enc. Deus cáritas est, 12). Através das práticas tradicionais do jejum, da esmola e da oração, expressões do empenho de conversão, a Quaresma educa para viver de modo cada vez mais radical o amor de Cristo. O Jejum, que pode ter diversas motivações, adquire para o cristão um significado profundamente religioso: tornando mais pobre a nossa mesa aprendemos a superar o egoísmo para viver na lógica da doação e do amor; suportando as privações de algumas coisas – e não só do supérfluo – aprendemos a desviar o olhar do nosso «eu», para descobrir Alguém ao nosso lado e reconhecer Deus nos rostos de tantos irmãos nossos. Para o cristão o jejum nada tem de intimista, mas abre em maior medida para Deus e para as necessidades dos homens, e faz com que o amor a Deus seja também amor ao próximo (cf. Mc 12, 31).

No nosso caminho encontramo-nos perante a tentação do ter, da avidez do dinheiro, que insidia a primazia de Deus na nossa vida. A cupidez da posse provoca violência, prevaricação e morte: por isso a Igreja, especialmente no tempo quaresmal, convida à prática da esmola, ou seja, à capacidade de partilha. A idolatria dos bens, ao contrário, não só afasta do outro, mas despoja o homem, torna-o infeliz, engana-o, ilude-o sem realizar aquilo que promete, porque coloca as coisas materiais no lugar de Deus, única fonte da vida.

Como compreender a bondade paterna de Deus se o coração está cheio de si e dos próprios projetos, com os quais nos iludimos de poder garantir o futuro? A tentação é a de pensar, como o rico da parábola: «Alma, tens muitos bens em depósito para muitos anos...». «Insensato! Nesta mesma noite, pedir-te-ão a tua alma...» (Lc 12, 19-20). A prática da esmola é uma chamada à primazia de Deus e à atenção para com o próximo, para redescobrir o nosso Pai bom e receber a sua misericórdia.

Em todo o período quaresmal, a Igreja oferece-nos com particular abundância a Palavra de Deus. Meditando-a e interiorizando-a para a viver quotidianamente, aprendemos uma forma preciosa e insubstituível de oração, porque a escuta atenta de Deus, que continua a falar ao nosso coração, alimenta o caminho de fé que iniciamos no dia do Batismo. A oração permite-nos também adquirir uma nova concepção do tempo: de fato, sem a perspectiva da eternidade e da transcendência ele cadencia simplesmente os nossos passos rumo a um horizonte que não tem futuro. Ao contrário, na oração encontramos tempo para Deus, para conhecer que “as suas palavras não passarão” (cf. Mc 13, 31), para entrar naquela comunhão íntima com Ele “que ninguém nos poderá tirar” (cf. Jo 16, 22) e que nos abre à esperança que não desilude, à vida eterna.

Em síntese, o itinerário quaresmal, no qual somos convidados a contemplar o Mistério da Cruz, é «fazer-se conformes com a morte de Cristo» (Fl 3, 10), para realizar uma conversão profunda da nossa vida: deixar-se transformar pela ação do Espírito Santo, como São Paulo no caminho de Damasco; orientar com decisão a nossa existência segundo a vontade de Deus; libertar-nos do nosso egoísmo, superando o instinto de domínio sobre os outros e abrindo-nos à caridade de Cristo. O período quaresmal é momento favorável para reconhecer a nossa debilidade, acolher, com uma sincera revisão de vida, a Graça renovadora do Sacramento da Penitência e caminhar com decisão para Cristo.
Queridos irmãos e irmãs, mediante o encontro pessoal com o nosso Redentor e através do jejum, da esmola e da oração, o caminho de conversão rumo à Páscoa leva-nos a redescobrir o nosso Batismo. Renovemos nesta Quaresma o acolhimento da Graça que Deus nos concedeu naquele momento, para que ilumine e guie todas as nossas ações. Tudo o que o Sacramento significa e realiza, somos chamados a vivê-lo todos os dias num seguimento de Cristo cada vez mais generoso e autêntico. Neste nosso itinerário, confiemo-nos à Virgem Maria, que gerou o Verbo de Deus na fé e na carne, para nos imergir como ela na morte e ressurreição do seu Filho Jesus e ter a vida eterna.

Vaticano, 4 de Novembro de 2010
BENEDICTUS PP XVI

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Notícia: Aumenta o Nº de padres



Entre 1999 e 2009, o número de padres em todo o mundo aumentou 1,4%. O dado está contido na nova edição do Anuário Estatístico da Igreja Católica, divulgado na última sexta-feira, 11. Os dados revelam que, atualmente, no mundo, existem 410.593 padres, sendo 275.542 pertencentes ao clero diocesano e os demais ao clero religioso.

Pela primeira vez desde 1999, em todo o mundo menos na Europa, o número de ordenações supera o de falecimentos e abandonos.

O estudo aponta também que o número de padres e de católicos aumenta na África, Ásia e América Latina, caindo na Europa e América do Norte. A tendência é invertida no que se refere ao clero: a maior parte dos sacerdotes é europeia (46,5%), seguida por americanos (29,9%), asiáticos (13,5%), africanos (8,9%) e da Oceania (1,2%).

O Anuário Estatístico da Igreja reúne dados de todos os segmentos da Igreja Católica dedicados ao apostolado e à evangelização em todos os países do mundo.

Já o "Anuário Pontifício", que recolhe todas as dioceses do mundo, privilegia nomes e biografias. Segundo a edição de 2009 - com dados da Igreja relativos a 2007 - o número de católicos no mundo é de 1,147 bilhão.

Fonte: Rádio Vaticano

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Menságem do Papa para o dia Mundial pelas Vocações

Queridos irmãos e irmãs!

O 48.º Dia Mundial de Oração pelas Vocações, que será celebrado no dia 15 de Maio de 2011, IV Domingo de Páscoa, convida-nos a refletir sobre o tema: «Propor as vocações na Igreja local». Há sessenta anos, o Venerável Papa Pio XII instituiu a Pontifícia Obra para as Vocações Sacerdotais. Depois, em muitas dioceses, foram fundadas pelos Bispos obras semelhantes, animadas por sacerdotes e leigos, correspondendo ao convite do Bom Pastor, quando, «ao ver as multidões, encheu-Se de compaixão por elas, por andarem fatigadas e abatidas como ovelhas sem pastor» e disse: «A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos. Pedi, pois, ao dono da messe que mande trabalhadores para a sua messe» (Mt 9, 36-38).

A arte de promover e cuidar das vocações encontra um luminoso ponto de referência nas páginas do Evangelho, onde Jesus chama os seus discípulos para O seguir e educa-os com amor e solicitude. Objeto particular da nossa atenção é o modo como Jesus chamou os seus mais íntimos colaboradores a anunciar o Reino de Deus (cf. Lc 10, 9). Para começar, vê-se claramente que o primeiro ato foi a oração por eles: antes de os chamar, Jesus passou a noite sozinho, em oração, à escuta da vontade do Pai (cf. Lc 6, 12), numa elevação interior acima das coisas de todos os dias. A vocação dos discípulos nasce, precisamente, no diálogo íntimo de Jesus com o Pai. As vocações ao ministério sacerdotal e à vida consagrada são fruto, primariamente, de um contacto constante com o Deus vivo e de uma oração insistente que se eleva ao «Dono da messe» quer nas comunidades paroquiais, quer nas famílias cristãs, quer nos cenáculos vocacionais.

O Senhor, no início da sua vida pública, chamou alguns pescadores, que estavam a trabalhar nas margens do lago da Galileia: «Vinde e segui-Me, e farei de vós pescadores de homens» (Mt 4, 19). Mostrou-lhes a sua missão messiânica com numerosos «sinais», que indicavam o seu amor pelos homens e o dom da misericórdia do Pai; educou-os com a palavra e com a vida, de modo a estarem prontos para ser os continuadores da sua obra de salvação; por fim, «sabendo Jesus que chegara a sua hora de passar deste mundo para o Pai» (Jo 13, 1), confiou-lhes o memorial da sua morte e ressurreição e, antes de subir ao Céu, enviou-os por todo o mundo com este mandato: «Ide, pois, fazer discípulos de todas as nações» (Mt 28, 19).

A proposta, que Jesus faz às pessoas ao dizer-lhes «Segue-Me!», é exigente e exaltante: convida-as a entrar na sua amizade, a escutar de perto a sua Palavra e a viver com Ele; ensina-lhes a dedicação total a Deus e à propagação do seu Reino, segundo a lei do Evangelho: «Se o grão de trigo cair na terra e não morrer, fica só ele; mas, se morrer, dá muito fruto» (Jo 12, 24); convida-as a sair da sua vontade fechada, da sua ideia de auto-realização, para embrenhar-se noutra vontade, a de Deus, deixando-se guiar por ela; faz-lhes viver em fraternidade, que nasce desta disponibilidade total a Deus (cf. Mt 12, 49-50) e se torna o sinal distintivo da comunidade de Jesus: «O sinal por que todos vos hão-de reconhecer como meus discípulos é terdes amor uns aos outros» (Jo 13, 35).

Também hoje, o seguimento de Cristo é exigente; significa aprender a ter o olhar fixo em Jesus, a conhecê-Lo intimamente, a escutá-Lo na Palavra e a encontrá-Lo nos Sacramentos; significa aprender a conformar a própria vontade à d’Ele. Trata-se de uma verdadeira e própria escola de formação para quantos se preparam para o ministério sacerdotal e a vida consagrada, sob a orientação das autoridades eclesiásticas competentes. O Senhor não deixa de chamar, em todas as estações da vida, para partilhar a sua missão e servir a Igreja no ministério ordenado e na vida consagrada; e a Igreja «é chamada a proteger este dom, a estimá-lo e amá-lo: ela é responsável pelo nascimento e pela maturação das vocações sacerdotais» (JOÃO PAULO II, Exort. ap. pós-sinodal Pastores dabo vobis, 41). Especialmente neste tempo, em que a voz do Senhor parece sufocada por «outras vozes» e a proposta de O seguir oferecendo a própria vida pode parecer demasiado difícil, cada comunidade cristã, cada fiel, deveria assumir, conscientemente, o compromisso de promover as vocações. É importante encorajar e apoiar aqueles que mostram claros sinais de vocação à vida sacerdotal e à consagração religiosa, de modo que sintam o entusiasmo da comunidade inteira quando dizem o seu «sim» a Deus e à Igreja. Da minha parte, sempre os encorajo como fiz quando escrevi aos que se decidiram entrar no Seminário: «Fizestes bem [em tomar essa decisão], porque os homens sempre terão necessidade de Deus – mesmo na época do predomínio da técnica no mundo e da globalização –, do Deus que Se mostrou a nós em Jesus Cristo e nos reúne na Igreja universal, para aprender, com Ele e por meio d’Ele, a verdadeira vida e manter presentes e tornar eficazes os critérios da verdadeira humanidade» (Carta aos Seminaristas, 18 de Outubro de 2010).

É preciso que cada Igreja local se torne cada vez mais sensível e atenta à pastoral vocacional, educando a nível familiar, paroquial e associativo, sobretudo os adolescentes e os jovens – como Jesus fez com os discípulos – para maturarem uma amizade genuína e afetuosa com o Senhor, cultivada na oração pessoal e litúrgica; para aprenderem a escuta atenta e frutuosa da Palavra de Deus, através de uma familiaridade crescente com as Sagradas Escrituras; para compreenderem que entrar na vontade de Deus não aniquila nem destrói a pessoa, mas permite descobrir e seguir a verdade mais profunda de si mesmos; para viverem a gratuidade e a fraternidade nas relações com os outros, porque só abrindo-se ao amor de Deus é que se encontra a verdadeira alegria e a plena realização das próprias aspirações. «Propor as vocações na Igreja local» significa ter a coragem de indicar, através de uma pastoral vocacional atenta e adequada, este caminho exigente do seguimento de Cristo, que, rico de sentido, é capaz de envolver toda a vida.

Dirijo-me particularmente a vós, queridos Irmãos no Episcopado. Para dar continuidade e difusão à vossa missão de salvação em Cristo, «promovam o mais possível as vocações sacerdotais e religiosas, e de modo particular as missionárias» (Decr. Christus Dominus, 15). O Senhor precisa da vossa colaboração, para que o seu chamamento possa chegar aos corações de quem Ele escolheu. Cuidadosamente escolhei os dinamizadores do Centro Diocesano de Vocações, instrumento precioso de promoção e organização da pastoral vocacional e da oração que a sustenta e garante a sua eficácia. Quero também recordar-vos, amados Irmãos Bispos, a solicitude da Igreja universal por uma distribuição equitativa dos sacerdotes no mundo. A vossa disponibilidade face a dioceses com escassez de vocações torna-se uma bênção de Deus para as vossas comunidades e constitui, para os fiéis, o testemunho de um serviço sacerdotal que se abre generosamente às necessidades da Igreja inteira.

O Concílio Vaticano II recordou, explicitamente, que o «dever de fomentar as vocações pertence a toda a comunidade cristã, que as deve promover, sobretudo mediante uma vida plenamente cristã» (Decr. Optatam totius, 2). Por isso, desejo dirigir uma fraterna saudação de especial encorajamento a quantos colaboram de vários modos nas paróquias com os sacerdotes. Em particular, dirijo-me àqueles que podem oferecer a própria contribuição para a pastoral das vocações: os sacerdotes, as famílias, os catequistas, os animadores. Aos sacerdotes recomendo que sejam capazes de dar um testemunho de comunhão com o Bispo e com os outros irmãos no sacerdócio, para garantirem o húmus vital aos novos rebentos de vocações sacerdotais. Que as famílias sejam «animadas pelo espírito de fé, de caridade e piedade» (Ibid., 2), capazes de ajudar os filhos e as filhas a acolherem, com generosidade, o chamamento ao sacerdócio e à vida consagrada. Convictos da sua missão educativa, os catequistas e os animadores das associações católicas e dos movimentos eclesiais «de tal forma procurem cultivar o espírito dos adolescentes a si confiados, que eles possam sentir e seguir de bom grado a vocação divina» (Ibid., 2).

Queridos irmãos e irmãs, o vosso empenho na promoção e cuidado das vocações adquire plenitude de sentido e de eficácia pastoral, quando se realiza na unidade da Igreja e visa servir a comunhão. É por isso que todos os momentos da vida da comunidade eclesial – a catequese, os encontros de formação, a oração litúrgica, as peregrinações aos santuários – são uma ocasião preciosa para suscitar no Povo de Deus, em particular nos menores e nos jovens, o sentido de pertença à Igreja e a responsabilidade em responder, com uma opção livre e consciente, ao chamamento para o sacerdócio e a vida consagrada.

A capacidade de cultivar as vocações é sinal característico da vitalidade de uma Igreja local. Invoquemos, com confiança e insistência, a ajuda da Virgem Maria, para que, seguindo o seu exemplo de acolhimento do plano divino da salvação e com a sua eficaz intercessão, se possa difundir no âmbito de cada comunidade a disponibilidade para dizer «sim» ao Senhor, que não cessa de chamar novos trabalhadores para a sua messe. Com estes votos, de coração concedo a todos a minha Bênção Apostólica.
Vaticano, 15 de Novembro de 2010.

BENEDICTUS PP. XVI

sábado, 12 de fevereiro de 2011


6 de janeiro: Epifania!


O Batismo do Senhor - Iconografia Maronita
Epifania


O termo Epifania provém do grego e significa “manifestar- se, mostrar-se, entrada pública e notória” e referia-se à primeira entrada de um monarca na cidade ou à aparição de um deus. Com esse termo, os cristãos do Oriente (onde nasceu a festa) designavam o aparecimento de Jesus na carne. Também esta festa é substitutiva das celebrações do solstício de inverno no Egito e no Oriente. Quando a festa chegou a Roma, mudou de sentido, e em vez de lembrar o Natal, passou a expressar a manifestação de Cristo aos gentios, simbolizados pelos três sábios de Oriente, representantes de toda a humanidade (daí as diferentes características étnicas dos sábios) e reteve o simbolismo da luz (a estrela que guiou os sábios). A Coleta e o Prefácio da Epifania de nosso LOC ainda falam dessa característica.


O sentido teológico da festa da Epifania é apontar para a universalidade da salvação em Cristo, para uma Igreja missionária que é como um sinal levantado sobre a humanidade para levar até Cristo os filhos dispersos de Deus.


A data da Epifania é fixa: sempre no dia 6 de janeiro, e a cor tradicionalmente usada nas celebrações é o branco.


Com esta festa inaugura-se a quadra ou tempo de Epifania, cuja extensão é variável, já que seu fim depende do início da Quaresma, e sua extensão pode oscilar entre cinco e nove domingos. No último domingo, seja qual for a duração do tempo e o ano do ciclo trienal, é lido no Evangelho a milagre da Transfiguração do Senhor, exceto no ano em que a festa da Transfiguração cai em um domingo.


Ao contrário de outras Igrejas que eliminaram esta quadra de seu calendário iniciando nele seu Tempo Ordinário ou Comum (Igreja Romana, por exemplo), os anglicanos continuam preservando esse tempo especial, e desde o LOC de 1549 a festa e o tempo serviam na visão do Arcebispo Cranmer para três propósitos:


a) dar graças a Deus por admitir toda a humanidade aos privilégios antes reservados aos judeus e expresso no aviso dado aos sábios de Oriente do nascimento do Salvador;


b) a manifestação da Trindade no Batismo de Jesus (celebrado no primeiro domingo depois da Epifania);


c) a manifestação da divindade de Jesus através de seus primeiras milagres.


Esses três propósitos continuam vigentes na seqüência dos Evangelhos nos ciclos de leituras dominicais (A-B-C) de nosso LOCb.


A quadra da Epifania inclui a festa da Apresentação de Jesus no Templo de Jerusalém, que antes tinha um acento notadamente mariano (Festa da Purificação de Maria) mas que é vista agora como uma festa de Jesus: a primeira entrada do Verbo Encarnado no templo de seu Pai. Com essa festa encerram-se as manifestações públicas de Jesus dentro do grande ciclo natalino: Natal, Santos Reis e Apresentação.


Quanto às cores, duas são usadas nessa quadra: branco e verde. O branco é usado sempre no dia 6 de janeiro e no primeiro domingo, chamado também “do Batismo do Senhor”. Daí em diante, até o fim da quadra, não existe consenso nas Igrejas da comunhão, existindo três grandes tradições:


a) usar o verde desde o 3° domingo da quadra da Epifania até o fim da mesma;


b) usar o branco ao longo de toda a quadra;


c) usar o branco até a festa da Apresentação do Senhor no Templo de Jerusalém, e daí em diante usar o verde.


As igrejas fazem suas opções, conforme suas visões litúrgicas.


Fonte: O Pão da Vida, Comentários ao Lecionário Anglicano, Ano A, 2007, pág. 375 376 - Revdo. Enrique Illarze, liturgista. Ligeiramente adaptado.

Mensagem de Fevereiro


O homem que diz: Não posso fazê-lo, expõe-se a ser interrogado por alguem que o faça.

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